O
hipócrita agradecimento do primeiro-ministro aos portugueses a propósito de uma
suposta saída da troika, talvez mereça a recusa da generalidade dos portugueses
embora esse sentimento possa não se traduzir em acções práticas e é pena porque
a máquina da propaganda converte rapidamente a indiferença evidenciada pelos
nossos cidadãos num (falso) apoio.
Felizmente
que o desinteresse pela acção dos nossos pseudo governantes ainda vai tendo
muitas reacções por parte daqueles portugueses de antes quebrar que torcer. O texto
(*) que apresentamos a seguir, transcrevemo-lo do Diário de Coimbra de ontem e
constitui uma prova do que acabámos de afirmar.
Quero,
senhor primeiro-ministro, rejeitar pública e frontalmente o hipócrita
agradecimento que me fez, como à generalidade dos portugueses, aquando do
anúncio da pseudo saída da troika. Tudo aquilo que aconteceu nestes três
últimos anos foi feito contra a minha vontade, sem o meu consentimento e sem a
minha concordância. Não aceito ser cúmplice de uma verdadeira revolução
neoliberal, a quem a rapaziada da escola de Chicago que ainda por aí anda não hesitará
a tirar o chapéu. O senhor, sem ética e de uma forma mentirosa, feriu
gravemente o estado social, em cuja construção modestamente colaborei, pondo em
crise a Saúde, a Educação, a Justiça, a Investigação e o Desenvolvimento. Mais,
a sua política afetou gravemente a coesão nacional, criando um país mais
desigual, mais pobre, matando a esperança de futuro de uma geração e semeando a
angústia nos mais idosos, nos mais fracos e desprotegidos. O famoso ajustamento
de que veio falando é como se vê, apenas e tão só, a desvalorização do trabalho
e a criação de uma bolsa insuportável de desempregados para garantir
mão-de-obra barata, destinada a enriquecer uns tantos. Por isso, não me
agradeça as tropelias que me fez e as mentiras com que me foi presenteando
durante estes anos da sua governação.
Peço-lhe,
aliás, que tenha a hombridade de parar o processo de intoxicação dos espíritos
que, com os seus conselheiros e assessores para a comunicação bem como os oportunistas
encartados que sempre se lambuzam na viscosidade do poder, se entretêm a fazer
defendendo políticas que não são mais do que a garantia da continuação de uma emigração
qualificada a um nível verdadeiramente impensável e a da manutenção do país na
cauda da Europa por muitos anos. O seu agradecimento, que recuso, é uma ofensa!
(*) João Silva
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