“Finalmente move-se” é o título do interessante texto que o
Prof. Boaventura Sousa Santos (BSS) assina na “Visão” desta semana.
Para
o leitor mais atento às movimentações em curso no PS, o título do texto indicia
uma referência a algo que talvez esteja a alterar-se no imobilismo que tem
caracterizado a esquerda, desde há muito tempo, e a que urge pôr cobro. E não
se engana.
É
intolerável que o país vote, de forma sistemática, “maioritariamente à esquerda
para depois se ver governado pela direita”.
Como
também se pode verificar, BSS faz uma significativa referência ao Bloco de
Esquerda, classificando Ana Drago e Marisa Matias como “as duas líderes
políticas mais brilhantes da sua geração”, fazendo votos para que elas se unam.
Tem sido demasiado fácil ser político
de esquerda no nosso país, mas os tempos estão a mudar. A esquerda portuguesa
dá sinais de que finalmente tem de dar contas a um país sofrido que
incessantemente vota maioritariamente à esquerda para depois se ver governado
pela direita. Será difícil depois de anos de imobilismo e de falta de treino
político, tão habituados ficaram os nossos políticos, tanto à esquerda como à
direita, a ser governados por Bruxelas. Mas as dificuldades derivam também da
própria natureza dos partidos. Há cem anos um sociólogo muito conservador mas
muito lúcido, Robert Michels, definiu os partidos como organizações que se
destinam a defender os políticos das pressões do seu eleitorado de modo a que
possam servir-se da política para realizar os seus interesses particulares.
Chamou a isso a "lei de ferro" dos partidos, a tendência inelutável a
transformarem-se em estruturas oligárquicas dominadas por aparelhos que apenas
cuidam da sua reprodução.
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