Em
declarações à Rádio Renascença, a procuradora Maria José Morgado chamou a atenção
para a existência de muito “dinheiro sujo”, tanto na Copa 2014 como no futebol
em geral.
Na
realidade, muitas organizações criminosas e empresas sem escrúpulos servem-se
do futebol como capa para actividades claramente à margem da lei e dos direitos
humanos.
Muito
se tem vindo a falar sobre a alegada corrupção na atribuição ao Qatar da
realização do Mundial 2022, mas outras situações muito criticáveis têm vindo a
público embora a sua divulgação seja mais restrita do que a gravidade exige. É,
por isso, muito importante que sejam fortemente denunciadas porque são aquelas
que mais facilmente passam ao lado dos principais meios de comunicação social.
Uma
das últimas edições da Sábado citava a revista alemã Spiegel que contava a
história de Ganesh um jovem nepalês de 26 anos que “foi ao inferno mas
conseguiu regressar” ao seu país. “Trabalhou durante 10 horas, seis dias por
semana para receber 300 euros por mês na construção (tal como outros 1,4
milhões de imigrantes) do novo Qatar, para o Mundial 2022. Dividiu com nove homens
uma casa de 16 m2 em folha de alumínio. Sobreviveu, mas 964 operários do Nepal,
Índia e Bangladesh morreram em 2012 e 2013 – muitos por causa do calor do Verão
ou por acidentes de trabalho.”
Por simples curiosidade, feitas as contas,
verifica-se que Ganesh ganhava pouco mais de 1 euro por hora, estava alojado em
condições deploráveis e, pelos vistos, com uma muito deficiente protecção
contra acidentes de trabalho. O futebol também nos deve confrontar com estas
problemáticas, para além das bolas que entram ou não nas balizas…
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