Num
interessante exercício de futurologia, um consultor de comunicação (*) antevê,
no Diário de Coimbra de hoje, o ambiente social em Portugal em finais dos anos
20 do século XXI…
O
meu filho e os amigos dele vivem todos no estrangeiro. Ontem quando falámos no
ADDAPPT conversou comigo em Inglês, já mal fala o português. Fez em Maio 40
anos e há 22 que vive fora. Eu estou velho e não lhe quero ocupar o tempo, mas
tenho saudades e ontem liguei-me. Falámos quase 5 minutos. Continua solteiro e não
quer ter filhos, diz que lá para os 50. Já não chego a avô!
Por
muitas razões ele e os amigos acabaram todos por emigrar. A principal foi a
diferença de oportunidades que havia entre Portugal e outros países.
O
Diogo trabalha nas Nano Energias em Guangzhu na China, uma das novas megacidades
com mais de 100 milhões de habitantes; a Carolina, Artista Plástica, foi para
Nova Yorque; já só lá é que há exposições! O Pedro está em Bombaim, a Patrícia
em Pretória, a Cacá em Kuala Lumpur e o Chico em São Paulo. Já ninguém vem a
casa no Natal. Há uma “app” no smartphone chamada “Konsoada”. Junta a família à
volta de uma mesa e até têm cheiro! Mas não é a mesma coisa.
Nestes
anos muito mudou em Portugal quando comparado com o que acontecia em 2014,
quando a Troika veio daquela vez. Os bebés quase deixaram de nascer, de cada
mil portugueses nascem apenas 5 por ano. Sempre que nascem gémeos há notícia no
Telejornal. Portugueses de gema somos só sete milhões e daqui a vinte anos
dizem que não passamos de cinco. Só este ano fecharam mais de mil escolas. Em Portalegre
já não há nenhuma. Como a esperança de vida é quase 100 anos as reformas estão
congeladas “temporariamente” (desde 2025).
Em
Lisboa, nas Avenidas Novas (agora mais velhas que outra coisa), quase todos os
meus vizinhos são africanos. Quando o regime acabou em Angola em 2020 muitos
vieram para cá. Compraram os hospitais do Estado e pagam diretamente aos
médicos. Os doutores portugueses são os únicos que ao compreendem.
Em
Coimbra a coisa é a mesma. A Universidade também é privada, como as outras, o
que faz com que a cidade seja quase deserta. A idade média dos alunos é 52 anos
e três licenciaturas. As placas das salas de aula são grandes por causa da
miopia. Já só há um colégio João de Deus; o outro é um “Museu da Criança” mas
fechou o ano passado por falta de visitantes.
Este
ano o Europeu de Futebol é na Jugoslávia mas também não nos qualificámos. Nenhum
jogador da nossa seleção nasceu em Portugal e os jogos em casa são em Paris. Já
não vamos a uma final há 15 anos. A última foi no Brasil.
(*) José
Manuel Diogo
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