As
empresas multinacionais ou transnacionais (na sua versão mais moderna) constituem
testas de ferro do sistema capitalista na sua fase imperial. Toda a gente já
ouviu falar na Coca-cola, na McDonald’s na Renaut, na Philips, na Google, e em
muitos milhares de outras que seria fastidioso designar aqui. A característica
principal das transnacionais é possuírem a sede num país e actuarem em
distintos territórios espalhados pelo mundo em busca, nomeadamente, de energia,
matérias-primas e mão-de-obra baratas. Desde sempre, é muito comum a estas
empresas produzirem cada componente de um produto em países diferente, com o
objectivo de reduzir os custos de produção. Actualmente estima-se que existam
em funcionamento cerca de 40 mil transnacionais, a maior parte delas sedeadas
em países desenvolvidos. A reputação destas empresas é baixa pois, onde se
instalam, a sua influência transcende a economia, interferindo em governos e no
relacionamento entre países. As suas relações com o mundo do trabalho são muitas
vezes feitas à margem da lei ou, no mínimo, contornando-a.
O
texto que apresentamos a seguir (*), ainda que curto, contém exemplos dessas “habilidades”
praticadas pelas transnacionais.
Na
sequência da luta dos trabalhadores da Soporcel foram relembradas uma série de
práticas de contratação de trabalhadores por multinacionais que raramente são
discutidas publicamente.
Tarefas
realizadas anteriormente por efetivos das multinacionais são hoje em dia
realizadas por empresas subcontratadas que pagam salários mais baixos, oferecem
menor proteção social e geram uma instabilidade laboral que pode chegar ao
extremo do contrato diário. Por vezes são os próprios ex-trabalhadores da
multinacional que são subcontratados realizando extamente o mesmo trabalho que
realizavam antes, mas trabalhando mais horas e ganhando consideravelmente menos
que anteriormente.
Outra
habilidade é a criação de “novas empresas” que fazem parte do grupo económico
da empresa mãe cujo objetivo é colocar trabalhadores a realizar o mesmo
trabalho que era realizado pelos efetivos da empresa, mas dado que esta é
teoricamente “outra empresa”, o regime de contratação é diferente e, obviamente
os salários e as condições de trabalho são piores.
As
consequências destas práticas é que a riqueza é transferida dos trabalhadores
para os acionistas e do trabalho para o capital. O salário dos trabalhadores
diminui ou cresce abaixo da inflação, enquanto os salários e prémios de alguns
gestores e acionistas subiram 10, 20 ou 30% nos últimos anos.
(*) Rui Curado da Silva, Investigador, Diário
as beiras
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