Os mais velhos ainda recordam o tempo em
que os portugueses se viam obrigados a aceder a órgãos de informação estrangeiros
para se sentirem devidamente informados sobre o que se passava em Portugal. Era
o tempo da ditadura em que ouvir a BBC (imagine-se!) poderia constituir um crime
ou, pelo menos razão suficiente para uma vigilância especial. Esse medo acabou
com o 25 de Abril mas o controlo da informação que chega aos portugueses está a
regressar em força e de uma forma mais subtil mas não menos eficaz nem menos
brutal do que no tempo de Salazar e Marcelo Caetano. Actualmente, é suposto
vivermos num regime em que existe liberdade de expressão e a informação circula
sem entraves. É suposto, mas a realidade é bem diferente. A sonegação de partes
substanciais da informação do que se passa à nossa volta faz parte da
estratégia do controlo das populações, contra os seus interesses, sem que a
maioria o sinta de verdade. Se tivermos em atenção que: 1) o grosso da informação
que chega ao cidadão comum é veiculado pelos grandes meios de comunicação social;
2) estes meios são detidos por grandes empresas; 3) a estas empresas não
interessa que as pessoas conheçam determinas realidades e, por isso a informação
é filtrada, melhor, manipulada; 4) as grandes empresas comungam a ideologia
neoliberal dominante, então, é certo que a informação que chega às populações é
aquela que mais convém ao status quo no poder.
Nestes últimos tempos criou-se uma “fábula”
relativamente a uma suposta “brilhante recuperação da Irlanda” mas a realidademostra que “a economia irlandesa está longe de ter recuperado”. No entanto, os
que poderiam desmontar a “fábula” não conseguem fazer chegar a sua mensagem
àqueles que mais precisam de a conhecer.
Voltando
à ideia inicial, torna-se decisivo para os portugueses que querem obter uma informação
tão próxima da realidade quanto possível, procurarem fontes diferentes das que
nos entram pela casa adentro todos os dias.
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