segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

TODA A INDIGNAÇÃO É POUCA



Nesta vida nada acontece por acaso. Estatísticas recentes revelaram que a taxa de mortalidade infantil portuguesa, uma das mais baixas a nível mundial e de que muito nos devemos orgulhar por ser um importantíssimo dado sobre a qualidade da saúde em qualquer país, mostrava tendência para subir, segundo dados de 2012. Fontes oficiais vieram afirmar que esta tendência nada tinha a ver com os cortes sistemáticos que vêm a ser feitos na área da saúde. Dificilmente tal se confirmará mas vamos esperar por novos dados. De qualquer maneira, vão chegando a público informações de vários casos de doentes a quem são negados exames médicos mais caros, com resultados dramáticos. Já começou a funcionar uma Saúde para pobres e outra para ricos como muita gente tinha avisado.
Num curto texto que transcrevemos a seguir do Expresso de sábado 11/1/2014, Fernando Madrinha, jornalista daquele semanário, chama a atenção para o abandono a que começam a ser sujeitos os utentes do Serviço Nacional de Saúde.
Uma doente do Serviço Nacional de Saúde descobre um cancro no cólon em fase adiantadíssima depois de dois anos à espera de um exame de diagnóstico num hospital público administrado por privados. Um erro, um azar, um problema informático que deixou aquele doente esquecido no meios da burocracia?
Logo aparece um caso semelhante, por sinal no mesmo estabelecimento hospitalar, e se percebe que muitos outros poderão existir porque o problema é mais vasto e mais grave: por força das restrições financeiras, ou invocando-as para desculpar más práticas, há hospitais que cortam nos exames mais dispendiosos; e, por força da ganância das clínicas privadas que têm acordos e convenções com o Estado, os utentes do Serviço Nacional de Saúde são deixados para trás, tratados como doentes de segunda e obrigados a esperar, alguns até à morte, por exames que os podiam salvar.
No princípio do “ajustamento”, houve quem avisasse: tal como acontece com a Justiça e com a Educação, cada vez mais haverá uma Saúde para os pobres. Elas aí estão. Contra esta indignidade, nenhuma indignação é bastante.

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