Nesta vida nada acontece por acaso. Estatísticas
recentes revelaram que a taxa de mortalidade infantil portuguesa, uma das mais
baixas a nível mundial e de que muito nos devemos orgulhar por ser um
importantíssimo dado sobre a qualidade da saúde em qualquer país, mostrava tendência
para subir, segundo dados de 2012. Fontes oficiais vieram afirmar que esta tendência
nada tinha a ver com os cortes sistemáticos que vêm a ser feitos na área da
saúde. Dificilmente tal se confirmará mas vamos esperar por novos dados. De qualquer
maneira, vão chegando a público informações de vários casos de doentes a quem
são negados exames médicos mais caros, com resultados dramáticos. Já começou a funcionar
uma Saúde para pobres e outra para ricos como muita gente tinha avisado.
Num curto texto que transcrevemos a
seguir do Expresso de sábado 11/1/2014, Fernando Madrinha, jornalista daquele semanário,
chama a atenção para o abandono a que começam a ser sujeitos os utentes do
Serviço Nacional de Saúde.
Uma doente do Serviço
Nacional de Saúde descobre um cancro no cólon em fase adiantadíssima depois de
dois anos à espera de um exame de diagnóstico num hospital público administrado
por privados. Um erro, um azar, um problema informático que deixou aquele
doente esquecido no meios da burocracia?
Logo aparece um caso
semelhante, por sinal no mesmo estabelecimento hospitalar, e se percebe que
muitos outros poderão existir porque o problema é mais vasto e mais grave: por
força das restrições financeiras, ou invocando-as para desculpar más práticas,
há hospitais que cortam nos exames mais dispendiosos; e, por força da ganância
das clínicas privadas que têm acordos e convenções com o Estado, os utentes do
Serviço Nacional de Saúde são deixados para trás, tratados como doentes de
segunda e obrigados a esperar, alguns até à morte, por exames que os podiam
salvar.
No princípio
do “ajustamento”, houve quem avisasse: tal como acontece com a Justiça e com a
Educação, cada vez mais haverá uma Saúde para os pobres. Elas aí estão. Contra
esta indignidade, nenhuma indignação é bastante.
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