Todos os dias ouvimos as críticas mais ferozes sobre a acção “dos políticos”. “Os políticos”, em bom português, significa “todos”, o que não corresponde à realidade.
De qualquer maneira, há que assumirmos
que, por acção ou omissão, em última instância os culpados dos políticos –
competentes ou incompetentes, corruptos ou sérios, honestos ou mentirosos – que
temos, são os portugueses que os elegeram. Raros, entre nós, aqueles que
assumem esta verdade politicamente incorrecta. Parece inconcebível mas a
realidade que constatamos é que, mesmo depois de não restarem quaisquer dúvidas
sobre a inadaptabilidade (chamemos-lhe assim) de uma equipa autárquica para o
desempenho das suas funções, vemos muitas vezes continuarem como se nada tivesse
acontecido e, ainda por cima com maiorias reforçadas como sucedeu em Portimão
com o grupo que governou a autarquia até 2013. É claro que há muita explicações
para factos como este – o povo é, na sua globalidade honesto –, onde abundam os
“ópios do povo”, em muito maior abundância do que no tempo de Karl Marx,
criador desta expressão muito conhecida.
Em Portimão, um escândalo gigantesco
permitiu alertar as populações para o que se estava a passar na Câmara
Municipal, mesmo à beira das eleições, de modo a ser possível alterar a relação
de forças existente. O figurino encontrado foi a constituição local do bloco
central que não nos deixa muito sossegados em termos das mudanças que seria
necessário efectuar no concelho mas, pelo menos, a queda da maioria absoluta do
PS veio deitar abaixo a arrogância de muitos “socialistas” de Portimão e
mostrar que qualquer poder só se mantém enquanto o povo o permitir quer através
do voto quer por outro meio diferente.
Noutros pontos do país as últimas
eleições autárquicas permitiram que se trouxesse à luz do dia muito lixo que
estava escondido por baixo do tapete, já que havia cargos ocupados há muitos
mandatos. O caso do major Valentim Loureiro já vinha a ser abordado em alguma comunicação social, nomeadamente, no que se refere ao célebre elevador secreto existente na Câmara de Gondomar mas, com a eleição do novo presidente fez-se
luz sobre um imenso rol de situações escabrosas lá existentes. E não têm a ver
apenas com o futebol…
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