Foi Nicolau Santos quem fez esta semana a
apresentação do livro com o sugestivo título “Os Donos Angolanos de Portugal” da autoria dos bloquistas Francisco
Louçã, João Teixeira Lopes e Jorge Costa. Ninguém melhor do que ele, até pela
sua distância ideológica em relação ao Bloco, para descrever, em poucas
palavras, o essencial do tema do livro, referindo, ao mesmo tempo, a
necessidade de “um amplo debate e uma profunda reflexão” à sua volta. Não temos
a mais pequena dúvida de que a comunicação social detida por capitais angolanos
vai boicotar, de todas as formas possíveis aquele livro agora publicado, porque
ele contém dados, cujo conhecimento em Portugal e em Angola são muito
inconvenientes, pelas piores razões, para os detentores do poder na antiga
colónia portuguesa. Esta é apenas uma das justificações para que se faça a mais
ampla divulgação do livro acima referido, tanto em Portugal como em Angola.
O livro “Os Donos Angolanos de Portugal”, da
autoria de Francisco Louçã, João Teixeira Lopes e Jorge Costa, merece um amplo
debate e uma profunda reflexão. Em primeiro lugar, porque a relação Portugal-Angola
é única: “Nenhuma potência colonial se transformou em suporte direto de um
processo de acumulação primitiva na sua ex-colónia e, simultaneamente, num
campo de reciclagem de capitais da elite no poder”. Em segundo lugar, porque “o
capital angolano beneficia de um amplo suporte político em Portugal” com
inúmeros ex-políticos associados à direção de empresas com ligações angolanas. Em
terceiro, porque com exceção de Alexandre Soares dos Santos, todos os grandes
empresários portugueses estão em Angola associados a parceiros locais e muitas
empresas portuguesas dependem hoje largamente dos resultados do mercado
angolano. E, em quarto, porque os investimentos angolanos na comunicação social
portuguesa não têm seguramente o obetivo do lucro, mas de influência. Esta história
de amor entre irmãos não vai acabar bem.
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