Basta olharmos à nossa volta para
percebermos que a anunciada criação líquida de mais de uma centena de milhar de
empregos é uma falácia.
Com o aproximar das eleições europeias o
Governo lança mão dos mais baixos truques para atirar areia aos olhos dos
portugueses e esconder a verdadeira situação que se vive no país. De facto, os
dados estatísticos do Eurostat mostram que se verifica uma descida no
desemprego em Portugal mas chega-se agora à conclusão de que muitas centenas de
milhares de pessoas trabalham, em média, duas horas por dia ganhando menos de
310€/mês. Estamos, pois, perante uma situação clara de subemprego.
A realidade mostra que assistimos á destruição
de emprego com horários normais e salários dignos substituindo-os por emprego
de pior qualidade, com horários reduzidos e vergonhosa remuneração.
A cereja em cima do bolo é o aumento do
desemprego assim como uma colossal emigração entre os jovens, particularmente
os mais qualificados.
A nível de desemprego não há, pois,
qualquer milagre como refere Daniel Oliveira no seguinte texto que podemos ler
no Expresso de ontem.
Passos Coelho
anunciou a criação líquida de 120 mil empregos entre o 1º e o 3º trimestre de
2013. Vamos esquecer que se perderam 430 mil desde que a troika chegou e que há
menos cem mil do que em igual período do ano anterior. De onde vêm então estes
empregos anunciados? Há 434 mil novos empregos com duração semanal inferior a
10 horas e o resto desceu. Claro que, sendo este números referentes a trabalho “efetivo”
no 3º trimestre, muita gente está de férias e trabalha menos horas. Os números são
complicados e é bom, antes de lançar foguetes, perceber que tipo de emprego
está a ser destruído e criado. Um exemplo: o aumento dos postos de trabalho
neste período foi, em 90%, na área dos serviços (muitos no turismo). Na indústria,
perderam-se 17 mil. Não há uma reindustrialização a fazer crescer as exportações
e o emprego. Mais de metade do crescimento das exportações vêm da nova
refinaria em Sines. Outra grande parte do aumento do preço de algumas matérias-primas
e do turismo. Quando torturados, os números dizem o que quisermos e até criam
factos políticos. Mas não podem dizer que há mais e melhor emprego. Porque basta
viver em Portugal para saber que mentem.
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