O sistema económico que actualmente
domina o mundo – o capitalismo neoliberal – está a contribuir decisivamente
para o aumento das desigualdades sociais e para a concentração da riqueza nas mãos
de uma minoria, à custa da miséria de muitos milhões. Esta situação é visível a
olho nu mas, as informações provenientes de organizações internacionais
insuspeitas confirmam-no todos os dias.
Num relatório hoje divulgado pela ONG
Oxfam aparecem autênticas aberrações em termos de injustiça social:
- 1% da população da Terra detém perto de
metade da riqueza mundial.
- A metade mais pobre da população mundial
possui tanta riqueza como as 85 pessoas mais ricas do planeta.
- O grupo de 1% das pessoas com maior património
possui tanto como o equivalente a 65 vezes a riqueza da metade mais pobre da população
mundial.
- Até em países tidos como mais
igualitários como a Suécia e a Noruega, a riqueza dos 1% mais ricos aumentou
50% desde 1980.
O relatório da Oxfam surge num momento em
que está prestes a iniciar-se o Fórum Económico Mundial (WEF) de Davos, na Suíça,
supostamente com a intenção de encontrar soluções para o aumento das situações
de desigualdade extrema.
Recorde-se que a Oxfam internacional é
uma confederação de treze organizações e mais de 3 mil parceiros que actua em
mais de cem países em busca de soluções para o problema da pobreza e da justiça
através de campanhas, programas de desenvolvimento e acções de emergência.
Por melhores que sejam as intenções da
Oxfam, que considera a desigualdade como a segunda maior ameaça à estabilidade
económica, a verdade é que a reunião do WEF não se traduzirá em nada de
concreto como já se tem verificado em ocasiões anteriores. Para além de umas
afirmações de circunstância, agradáveis aos ouvidos dos mais pobres, que serão
transmitidas em todas as cadeias de televisão, misturadas com umas lágrimas de
crocodilo, os mais ricos do mundo vão continuar a usurpar tudo o que puderem e
a mexer os cordelinhos no sentido de o seu poder económico e financeiro não se alterar
e, se possível, aumentar ainda mais.
Sem uma luta, cada vez
mais encarniçada, das populações mais exploradas a nível mundial, não podemos
esperar que sejam os mais ricos a ceder nas suas posições de privilégio. As realidades
são tão evidentes que nenhuma propaganda, por mais bem organizada que seja
poderá esconder.
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