Os alegados actos de corrupção “entre
outros crimes ligados à empresa Portimão Urbis” que levaram à prisão do então Vice-presidente
da Câmara Municipal de Portimão (CMP) não constituíram novidade para o cidadão comum
do concelho. Aquilo que era, há imenso tempo, tema de conversa entre os cidadãos
da capital do barlavento algarvio acabou por ter consequências na acção das
autoridades. Afinal, não há fumo sem fogo mas, como vem sendo costume em Portugal,
se as malhas da lei permitirem que nada seja provado em relação ao médico Luís Carito,
a verdade é que, do enxovalho já ninguém o livra. O autarca que engoliu uma
folha de papel à frente da PJ passou para os anais da história de Portimão, senão
mesmo para o anedotário nacional.
A punição da opinião pública tem, por
vezes, um efeito mais eficaz do que a própria prisão. Um desses efeitos, aliás,
extremamente positivo, foi o alerta que levantou a um grande número de cidadãos
eleitores e que levou à perda da maioria absoluta do PS em Portimão. Foi um
banho de humildade para muitos autarcas “socialistas” do concelho, convencidos
que o poder absoluto seria para sempre.
Entretanto, segundo o CM de hoje, o dr. Luís Carito viu levantada pela Justiça a proibição de voltar a exercer cargos públicos e regressou “às consultas enquanto médico de família, no Centro de Saúde de Portimão”, continuando, no entanto, “sujeito a vigilância electrónica
com pulseira”. Sabe-se agora que, também o ex-vereador da CMP, Jorge Campos,
está há algum tempo livre da “proibição de exercer cargos públicos”.
A propósito, veio-nos à
memória um artigo de Clara Ferreira Alves, na Revista Expresso (4/01/2014),
onde a jornalista referia uma pena de prisão de 28 anos a que foi condenado um
ex-Presidente da Câmara de Detroit (EUA), por vários crimes, entre os quais corrupção
– uma situação impensável em Portugal. Aqui, as malhas da lei são tão largas
que, contradição das contradições, deixam passar tubarões e retêm peixe miúdo…
Muitos milhões para contratar bons advogados colocam ricos e poderosos fora das
grades das prisões. Os exemplos estão bem à vista…
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