Se há áreas da nossa vida colectiva em
que a máxima segundo a qual nada acontece por acaso, a da política não é
certamente a menos importante nem a que traz consequências menos graves.
Para os mais atentos, não é por acaso
que, tanto quanto se sabe, nenhum órgão de comunicação social dito de
referência, quer no audiovisual quer na imprensa escrita, excepto o Jornal i, relatou
e muito menos comentou a acusação que Manuela Ferreira Leite fez ontem à noite
na TVI24 a Pedro Passos Coelho de que o Governo que chefia fez uma reserva
oculta de 533 milhões de euros no Orçamento de Estado de 2014. Segundo a antiga
ministra das Finanças do PSD, aquela reserva daria para cobrir, à vontade
(sobrariam 200 milhões), as consequências do chumbo do Tribunal Constitucional
não sendo, por isso, compreensível a necessidade de novos cortes drásticos nas já
depauperadas pensões dos reformados. A actual ministra das Finanças passa, assim,
a dispor de um enorme “fundo de maneio” que não sabemos a que se destina.
Não restam, pois, quaisquer dúvidas de que
a perseguição aos pensionistas atinge proporções ainda maiores do que se
pensava até aqui.
Mas, voltando à ideia inicial de que nada
acontece por acaso, somos levados a desconfiar de que a maioria dos grandes
grupos da comunicação social assim como a maior parte dos opinadores de serviço
se encontram a fazer o jogo do Governo. Usamos o verbo “desconfiar”, para não nos
acusarem de má fé pois, no fundo, acreditamos piamente que a realidade é bastante
mais negra…
O povo português está a
ser enganado, com a maioria da população a desconhecer a realidade dos factos.
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