Tivemos conhecimento há poucos dias, por
ocasião do início do Fórum Económico Mundial, de um relatório da ONG Oxfam sobreas desigualdades a nível mundial com números que são aterradores. É óbvio que a
doutrina neoliberal que domina e governa o mundo, não só não atenuou o fosso
entre ricos e pobres como o cavou ainda mais fundo.
O Governo Passos/Portas, que levou Portugal
a um nível de empobrecimento, do qual não se sabe quanto tempo demoraremos a
sair, é um lídimo representante do neoliberalismo mais radical. Ao aplicar as
medidas de austeridade de forma ainda mais extrema do que a troika impôs contribuiu
para uma generalizada degradação das condições de vida do povo português onde
os principais atingidos foram os mais pobres e a classe média.
O crescimento económico que levará à redução
das desigualdades não se poderá fazer, como o Governo pretende, apenas com o
crescimento das exportações mas estimulando ativamente o consumo interno como
defende Nicolau Santos neste pequeno texto que retirámos do Expresso Economia
de ontem.
Os dados do Eurostat
mostram que, com a crise, Espanha, Portugal e Grécia se tornaram países mais
desiguais. Portugal, que tinha vindo a reduzir as desigualdades, entra de novo
num ciclo ascendente a partir de 2010. A conclusão é óbvia: a recessão não diminui
as desigualdades, mesmo que os ricos tenham ficado menos ricos. Só que os
pobres ficaram mais pobres e a classe média se pauperizou. Ou seja, só com
crescimento e políticas públicas ativas se consegue reduzir as desigualdades
sociais. Mas o crescimento não pode apenas basear-se nas exportações: é
necessário que a procura interna também cresça. O último relatório do FMI é
claro: o crescimento sustentado não é possível com uma procura interna fraca. Mas
ao cortar os salários e pensões, o Governo estrangula a possibilidade de um
crescimento mais robusto nos próximos anos. E isso enfraquece a atividade
económica, as empresas e os bancos. Que tal meditar sobre isto e sair deste
paradigma?
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