terça-feira, 31 de maio de 2011

Último Episódio - Best of Sócrates


LINHAS FORTES DA ENTREVISTA DE FRANCISCO LOUÇÃ AO JN DE HOJE

Entre as afirmações de Francisco Louçã na entrevista publicada hoje no Jornal de Notícias, há que destacar:

“A direita tem todos os seus sonhos realizados”

“PS, PSD e CDS são inúteis no poder e na oposição”

“O que une Passos Coelho, José Sócrates e Paulo Portas é a proposta que a direita nunca se atreveu a levar a votos”

“Daqui a três anos os partidos políticos que conduziram o acordo da troika ou não existirão ou serão totalmente diferentes”

“O Estado social tem vindo a ser desagregado lentamente. É uma espécie de auto-estrada com portagens na saúde ou na Segurança Social”

“Em alguns casos como o de Braga precisamos de planos de emergência de combate ao desemprego”

“Vai ser preciso uma esquerda de enorme competência e combatividade, que tenha como objectivo chegar ao Governo”

“Cavaco Silva foi um presidente silencioso, e quando interveio foi para apoiar um orçamento que antecipou o programa do FMI”

“A revisão constitucional não é uma prioridade”

ESCONDER A VERDADE

A agressividade das medidas impostas pelo plano da troika não quer ser discutida pelos partidos que o apoiaram de olhos fechados. É por isso que a campanha eleitoral está a ser feita à base de insultos e maledicências, sem qualquer conteúdo esclarecedor. É por isso que cada um tende a sacudir a água do capote, sabendo perfeitamente o que aí vem.
Mais tarde ou mais cedo, a verdade acaba sempre por de impor. Os partidos parlamentares à esquerda do PS recusaram qualquer conversa com a troika por entenderem que só o Governo poderia negociar com aquela entidade. Foram muito criticados por isso porque alegadamente se excluíam de qualquer negociação para a atribuição do apoio financeiro a Portugal. Afina, tal como Louçã e Jerónimo de Sousa sempre afirmaram, os partidos que foram recebidos pela troika não foram negociar coisa nenhuma. Apenas assinaram de cruz o documento que lhes foi colocado à frente do nariz, comprometendo-se a cumprir as imposições que lá estavam redigidas. Pelo menos é o que se depreende das declarações de Eduardo Catroga do PSD, segundo as quais “ A quem fez as negociações foi o Governo, foi o Governo que assinou coma troika. A nós foi-nos dado conhecimento após a assinatura do Governo (sublinhado nosso).
Afinal, tal como Louçã afirmou há poucos dias, os três partidos que assinaram o acordo com a troika vão fingir que não é nada com eles. “Põem a sua cara de missa do sétimo dia para acabar com o direito dos trabalhadores a uma indemnização justa pelo despedimento, querem arrastar o país para acabar com o apoio aos desempregados, querem facilitar os despedimentos”, medidas que muito desejavam mas não tinham coragem de defender abertamente.
Daqui a poucas semanas, quando o tripé do FMI (PS/PSD/CDS) começar a ir a despacho, todos os portugueses – e não apenas alguns – perceberão o terramoto que se vai abater sobre nós.

Luís Moleiro

'Agora só conta uma palavra: decidir'


Está escolhido o mote até ao final da campanha. «Amigo, o que é que vais fazer do teu voto?», perguntou hoje Francisco Louçã, num ‘mini’ discurso no meio da rua Augusta, em Lisboa. O líder do BE promete repetir a questão «a toda a gente, um a um, nas ruas, nas fábricas», onde quer que passe. Porque «daqui até ao final da campanha só conta uma palavra: decidir».Uma estratégia para chegar aos socialistas desiludidos, para virar votos brancos e nulos, mas sobretudo para convencer os abstencionistas. Hoje, na arruada que partiu do Largo Camões, desceu o Chiado e foi até à rua Augusta, Louçã voltou a ouvir um discurso que se repete nas ruas.



«Está a ver a minha idade, os meus cabelos brancos? Já votei nos partidos todos, agora estou a pensar não votar em ninguém. E os meus filhos também. Estamos fartos disto», queixou-se um reformado do sector bancário. Louçã deteve-se e durante alguns minutos tentou convencer o interlocutor de que é preciso escolher - «Faz mal, vote em quem o defende, vote para não ser enganado, não se deixe enganar outra vez.» «Vou pensar», foi a resposta final.

A conversa com este reformado foi uma excepção na arruada desta tarde, feita de cumprimentos rápidos, bem menos calorosa que idênticas iniciativas feitas noutras paragens. Ao lado de Louçã esteve sempre o eurodeputado Miguel Portas. Luís Fazenda e Helena Pinto, candidatos por Lisboa, também desceram o Chiado, ao som de bombos e gaita-de-foles, e dos slogans entoados pela comitiva bloquista: «FMI, sai daqui» ou «Sócrates e Passos vão ver se chove, não queremos voltar ao século XIX».

No final, Louçã discursou para um microfone colocado pelo BE a meio da rua Augusta. Foi ainda ao «amigo» eleitor de esquerda que se dirigiu, pedindo o voto na «esquerda de compromisso pelo emprego e contra a bancarrota» - «Se o entregares a José Sócrates, o voto que é teu passou a ser contra ti, o voto que é teu vai permitir o congelamento das reformas, a privatização da Caixa Geral de Depósitos, a liberalização dos despedimentos.

Louçã confrontado com apoio do Bloco a Alegre


Francisco Louçã acaba de visitar a escola Marquês de Pombal, a última na zona de Lisboa com ensino profissional. Na oficina de electricidade tinha à sua espera José Freitas Campos o professor da área .

É um votante no BE que criticou abertamente algums opções do partido nos últimos tempos. Desde logo o apoio a Manuel Alegre com um expressivo e incrédulo: "apoiámos nas presidenciais o candidato do PS?".

O líder do BE ouviu ainda o professor de electricidade aconselhar a necessidade da sua autocrítica pela opção presidencial, a que acrescentou dúvidas sobre as acções de campanha em feiras e mercados.

Mais tarde Louçã explicou que o BE tem " aderentes críticos e muito envolvidos " o que em seu entender "é uma verdadeira mais valia para o Bloco".


Durante a demorada visita à escola, sempre acompanhado pelo director - que ainda que com sucessivas designações lutou pela qualidade do ensino naquela escola nos últimos 34 anos - Louçã voltou a defender a necessidade de se apostar verdadeiramente no ensino público.

Para o líder bloquista na recta final da campanha é necessário todo o esforço "para dizer a verdade" que os partidos da troika - PS, PSD e CDS - omitem aos portugueses. E contra ventos e sondagens tentar captar os cerca de 40 % de indecisos que ainda não sabem em quem vão votar a 5 de Junho. Tudo isto para que Portugal não esteja daqui a uma ano como a GRécia 'ameaçada' de sair o Euro.

Louça quer saber para onde vai 1.ª tranche da 'troika'


O coordenador do BE disse hoje querer saber para onde vai a primeira "tranche do empréstimo", afirmando que aquilo que Grécia e Irlanda têm demonstrado é que ao arruinar "uma economia de um país, ela não recupera".

Francisco Louçã falava aos jornalistas no final de uma visita à Escola Secundária Marquês de Pombal, em Lisboa, tendo sido questionado sobre o facto da primeira tranche do empréstimo já ter chegado. "Se chega a primeira tranche eu quero saber para onde é que ela vai porque eu sei que dos 78 mil milhões vão 50 mil milhões para os credores, não é para Portugal; vão 12 mil milhões para a banca, não é para a economia que cria emprego; vão 30 mil milhões de euros depois para os juros, não é para Portugal", enunciou.

Segundo o deputado bloquista "José Sócrates diz que agora é preciso responder, pois é, mas ele não quis dizer aos portugueses o que quer fazer à segurança social". "E não diz porque é que daqui a menos de dois meses, um Governo do PS com o CDS - parece que é o que ele prefere - ou do CDS com o PSD -- parece que é o que outros preferem -- ou de todos juntos para fazerem a mesma coisa, vai estar a aumentar os impostos, a aumentar o IVA para ir retirar dinheiro na Segurança Social", criticou.


Louçã defendeu assim que "o que a Grécia e a Irlanda têm demonstrado é que se se arruína uma economia de um país ela não recupera". "É preciso ser responsável agora. Quem foge do seu país e atira para a frente as dificuldades, arrastando a economia para uma recessão, não é competente", criticou.

E por isso o cabeça de lista do Bloco por Lisboa defendeu que "a seriedade que o país precisa" é que os partidos respondam pelo memorando. "E cá estou eu para dizer que alternativas no resgate da dívida e na recuperação da economia são possíveis", afirmou.

A viagem de campanha



JFK told us the TRUTH


Uma Maioria, um Governo, um Presidente!

Sinceramente, dia 5 o que prefere? Votar no PC ou no BE? Prefere votar na gente do CDS e do PSD e contribuir para finalmente concretizar o sonho da direita – nunca conseguido em 37 anos de Democracia: “uma maioria, um governo, um presidente!”. E o problema é você ter a consciência que assim é!

Tempos de austeridade


O que pensará a Troika-Regente acerca de todo este aparato? De onde vem a “massa”?

A máquina está bem montada,com sandecas, refrigerantes, autocarros, velhas gaiteiras, boa segurança “parte-megafones dos outros”, bandeiras extra-large, etc. As máquinas de propaganda dos camaradas da Internacional Socialista, os Ben Ali, Mubarak e Zapatero – não, não são “tudo a mesma coisa” -, estavam firmes que nem rochas e naqueles países não tão distantes, os chefes também chegavam ás festas, a bordo de limusinas do governo.

Onde estacionam agora?


Retirado de Aventar

'O BE não quer menos que governar o País', José Manuel Pureza

Foi o discurso mais aplaudido da noite. José Manuel Pureza, líder parlamentar do BE e cabeça-de-lista por Coimbra, não poupou na ambição: «O Bloco de Esquerda não quer menos do que governar o país». Nesse sentido, o partido está disponível «para fazer as convergências que forem necessárias». Desde que sejam respeitados alguns compromissos.

E foi esse ‘caderno de encargos’ que passou a enumerar, no comício desta noite no Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra - «Assumimos o compromisso solene de não baixar as reformas. De não baixar os salários da função pública, de taxar os bancos como qualquer outra empresa, de canalizar o investimento público para criar emprego, de reforçar o rendimento social de inserção, de não taxar o subsídio de desemprego».

«Faremos todas as convergências necessárias para tomarmos este conjunto de compromissos», garantiu o líder parlamentar bloquista, desafiando: «Agora digam lá que nós não existimos para assumir compromissos». Mas Pureza deixou claro que, sendo o PS um dos partidos que subscreveu o acordo da troika, não entra nesta equação: «Não nos peçam para fazer cosmética de esquerda a quem se comprometeu com o avesso da esquerda.»


Logo no início do discurso, José Manuel Pureza assumiu ao que vinha, citando as críticas de que o BE é um partido de protesto, mas não de compromissos – reparos que já se fizeram ouvir publicamente, até por parte de militantes do partido. A primeira característica não vai desaparecer, garantiu: «Somos e seremos sempre protesto, porque somos de esquerda. E não nos convidem para deixar de ser assim».

No restante, as palavras de Pureza foram mesmo a protestar, contra «um país encalhado há tantos anos num empate técnico que se eterniza entre PS e PSD».

Com o sociólogo Boaventura Sousa Santos na primeira fila – e palavras de apoio de várias figuras de Coimbra, exibidas num vídeo – Pureza apelou ao voto dos socialistas. Com eleição difícil para o Parlamento (as sondagens dão o BE a perder o lugar pelo distrito), o líder parlamentar conseguiu um feito muito raro nos comícios bloquistas: ser mais aplaudido que Francisco Louçã.

Merkel foi o alvo de Louçã esta manhã


Foi com olhos postos no ensino público que Francisco Louçã visitou esta manhã a Escola Secundária Marquês de Pombal, em Lisboa, mas sempre com acento tónico na economia.

"Se se arruína a economia de um país, ele não pode recuperar", disse o coordenador do Bloco, numa referência à Grécia e Irlanda, pelo que "é preciso agir já e ter a sensatez de combater o desastre". Isto numa altura em que Portugal começa a receber o dinheiro do acordo com a troika.

"Se chega a primeira tranche eu quero saber para onde ela vai", sustentou Louçã, lamentando que o destino seja a banca e não o investimento público. O líder bloquista acusou ainda "a senhora Merkel de querer atirar a Europa para o abismo", quando "vários Prémios Nobel dizem que austeridade e recessão destroem a economia".

"Resolvi hoje visitar as fronteiras das dificuldades do país", afirmou Louçã, sublinhando as propostas do Bloco de Esquerda para o sector educativo: "trazer para a Educação os alunos que têm desistido, através de equipas multidisciplinares e turmas mais pequenas".

Numa das escolas de Lisboa com tradição de ensino técnico, industrial e profissional, nas áreas da carpintaria, mêcanica, electricidade e informática, e com cursos nocturnos que servem uma população com problemas de abandono escolar, Louçã encontrou um antigo colega de escola da Padre António Vieira.

O coordenador do Bloco distribuiu cumprimentos pelos alunos, muitos deles vindos dos PALOP devido a um protocolo da escola com Cabo Verde, visitou o Centro de Novas Oportunidades, embora sem comentários, e passou pela delegação do Instituto de Emprego e Formação Profissional.

Louçã entre o 'mesmar' de Passos e o 'mentir' de Sócrates


"A língua portuguesa é muito rica e se Passos Coelho fala em mudar na verdade o que quer mesmo é mesmar", ou seja "fazer a mesma coisa em matéria de cortes de pensões e de salários", diz Francisco Louçã.



Mas o líder do BE - que falava num comício do Teatro Académico de Gil Vicente, em Coimbra - também assestou baterias nos socialistas de José Sócrates para lembrar que estes "mentem quando vão para a Brandoa dizer que as pensões até 1500 euros não serão cortadas".

Para o BE Passos Coelho e José Sócrates estão "emboscados um contra o outro" e vivem num "universo de fantasia".

"Estamos a quatro dias das eleições e já saberemos que governo Portugal se sair dos partidos da troika" disse Francisco Louçã assegurando que o Mundo real entrou hoje na campanha eleitoral.

Acusou o "muro do silêncio - que é também um muro de mentira - de levar Sócrates a não explicar o que tenciona fazer em matéria de facilitação dos despedimentos" .

Em relação à actual situação de Grécia disse que se está perante um novo "colonialismo " quando as instituições europeias querem gerir directamente o programa de privatizações.

Madonna - Rain

segunda-feira, 30 de maio de 2011

'As pessoas não podem votar contra si próprias' afirma Louçã


«Sócrates e Passos vão ver se chove, não queremos voltar ao século XIX». Foi ao som deste slogan que Francisco Louçã e José Manuel Pureza percorreram hoje a baixa de Coimbra. Num distrito onde a eleição do líder parlamentar do BE é incerta – as sondagens apontam para a perda do deputado do Bloco – a comitiva contou com o reforço dos eurodeputados Miguel Portas e Marisa Matias.

Com poucas pessoas na rua, foi uma arruada ‘tímida’, com pouco do «contacto directo» em que os bloquistas apostam agora para convencer abstencionistas, indecisos e socialistas descontentes. Mas houve quem se dirigisse à rua Ferreira Borges propositadamente para falar com os responsáveis do BE - foi o caso de um grupo de trabalhadores da CRH, uma empresa de trabalho temporário que declarou insolvência, por dívidas à segurança social e ao fisco, atirando quase 3000 pessoas para o desemprego. «Mais uma falência fraudulenta», apontou Louçã.


Já em declarações aos jornalistas, o dirigente bloquista manifestou-se confiante nos resultados do partido em Coimbra, defendendo que o objectivo está para lá da manutenção de Pureza na Assembleia da República, passando pelo «reforço» da votação. Louçã avançou uma razão para isso: «As pessoas não podem votar contra si próprias, não podem votar para cortar a pensão dos pais». O apelo ao voto foi claramente dirigido. O BE pede o voto dos «socialistas desiludidos, das pessoas que estão indecisas ou que se abstém».

Intenções de voto e resultados eleitorais

Intenções de voto e resultados eleitorais

Sondagens não são previsões, já sabemos. Mas se houvesse um padrão regular nas diferenças entre as intenções de voto medidas pelas sondagens e os resultados eleitorais, isso seria desde logo um passo possível numa tentativa de usar as intenções de voto para prever resultados. O que tenho para dizer sobre o assunto está a q ui (.pdf) em colaboração com o Luís Aguiar-Conraria e o Miguel Maria Pereir a. Mas numa abordagem um pouco m ais descritiva, o que encontramos quando comparamos as sondagens feitas nas últimas duas semanas antes das eleições (medindo intenções de voto) e aqueles que acabam por ser os resultados? O quadro abaixo mostra o que se encontra nas três últimas eleições legislativas:


Não q uero tirar daqui conclusão alguma. O que concluo sobre este tipo de análise está no artigo linkado acima. Os leitores tirarão as suas.


Retirado de Margens de Erro

Louçã: um dia bem ganho na feira de Espinho




Os mercados estão a ser um grande filão para o Bloco de Esquerda. Depois das Caldas da Rainha, no sábado, cuja visita correu bem, a manhã de hoje na Feira de Espinho foi ainda melhor para os bloquistas

Em primeiro lugar, porque a espontaneidade das gentes da terra tempera bem algumas conversas, só tendo o candidato de manter o fogão aceso para garantir o sabor final.

Em segundo lugar, Louçã está muito à-vontade nos contactos, ágil e sorridente a desarmar algumas conversas inconvenientes (quando as há). O discurso é debitado à medida dos interesses e do código de quem o houve.

É neste comprimento de onda que afirma: "As primeiras vítimas do acordo com a troika assinado por PS, PSD e CDS são os doentes". De seguida, recusa os cortes na saúde.

Aulas de economia


"O que era preciso era que nós tivéssemos mais pessoas a quem vender", diz-lhe a mulher de uma banca. Uma dica que o candidato aproveita de imediato. "Quando o reformado recebe menos e há mais desempregados, o comércio ressente-se logo. A economia está toda ligada, todos puxamos uns pelos outros".

Minutos antes, interpelado por dois vendedores sobre o caso grego, é lapidar: "O que eles fazem à Grécia estão agora a fazer a Portugal".

Foi quase sempre com frases curtas e claras - não houve "reestruturação da dívida" - que o líder do Bloco rematou os diálogos. Noutros casos, a linguagem foi de exuberância corporal. Alguns, na comitiva bloquista e entre jornalistas mais versados em campanhas, abriram mesmo a boca de espanto.

O momento explica-se assim: "Dê cá um 'passou bem', que 'tava' a ver que não o via ao vivo", lança-lhe um homem. Quem esperava um mero aperto de mão engana-se redondamente. Explode um forte abraço, com repetidas palmadas nas costas, daquelas que até estalam, para satisfação de repórteres de rádio e de televisão que captam o som.

O anti-Portas


O líder do CDS esteve presente ao longo da visita. As performances de Paulo Portas em feiras e mercados são uma fasquia e um poço de analogias para qualquer outro candidato.

"O senhor vir aqui?", disse-lhe à queima-roupa uma vendedora, logo à entrada. "Isso não é costume. Quem costuma vir é só o Paulinho das Feiras".

Mais no fim da visita, um mulher que fazia compras, dispara letal: "O Portas, aquele bandido, quando vai à TV, apetecia-me dar-lhe um tiro no meio dos olhos. Mas a televisão é minha, a televisão é minha...", repete, desconsolada.

Noutros casos, o alvo é o líder do PSD. "Sinto-me enganado", desabafa um homem para Louçã. "O Passos Coelho parece um catraio, nunca trabalhou na vida. E é nele que vou confiar?"

Mais adiante, o líder do Bloco, questionado pelos jornalistas, aproveitaria o 'antiportismo' da manhã. "Quem fez tantas promessas nas feiras e agora congela as pensões aos reformados pode ouvir remoques".

É num contraponto que Louçã aposta agora, insistindo no "contacto direto com as pessoas". É o caminho mais curto para captar os indecisos. "Quem sente que o país está a cair no abismo, tem de ser chamado a votar", afirma.

A seguir, para valorizar as suas iniciativas - "cada vez mais perto das pessoas" - cita o comportamento de Sócrates. "Faz a campanha junto dos seus apoiantes e assessores".

Mas foram as queixas de desempregados e reformados que dominaram as conversas. «Arranje emprego para as pessoas de mais de 50 anos. Tenho 54 anos, sinto-me super válida, ando à procura de emprego há cinco anos e não consigo», lamentou uma mulher que se dirigiu ao dirigente do BE. E insistiu: «As pessoas de mais de 50 anos são pessoas válidas».

Um pouco mais à frente, foi a vez de um idoso questionar: «Porque é que não aprovaram o PEC 4? Não foi isso que levou à crise?» «Não, não foi isso. Nós queremos defender os direitos que eram atacados no PEC», explicou Louçã, que a cada paragem ia insistindo nos cortes previstos no acordo da troika subscrito por PS, PSD e CDS.

A visita prosseguiu ao som de bombos, mas não eram do BE: uma comitiva local do PSD aproveitava também a manhã para fazer campanha na feira. Mas foi o CDS que voltou à conversa, pela voz de um reformado. «Porque é que gastaram milhões de euros nos submarinos?» Resposta pronta: «Oh meu amigo, isso tem de perguntar ao Paulo Portas. Foi dinheiro deitado à rua».


Ser gente



Talvez por ser novidade por aquelas bandas, alguns quiseram mesmo prestar atenção ao candidato. Duas mulheres estão juntas. Uma delas tenta que a outra continue o caminho que seguiam. A visada refreia o pedido: "Estou a ouvir Maria, um momento. Só daqui a quatro anos é que vou ouvir vez".

Outras ficaram-se pela observação. "Olha, é mais bonito ao vivo!", diz uma mulher.

- Já ganhei o dia!, exclama o candidato.

O prémio maior, contudo, viria mais tarde. Já o passeio estava terminado - os jornalistas começavam a desandar do local, em direção ao hospital de S. João da Madeira, que seria visitado a seguir - quando uma mulher se aproximou de Louçã.

Deu-lhe forte abraço, dizendo: "Trabalhei 17 anos com a sua mulher na Maternidade Alfredo da Costa. Dê-lhe um beijinho meu".

O pedido repetiu-se, por outras palavras. Os abraços ao candidato também. "Diga-lhe que lhe envio um beijo. Eu era enfermeira. Sou a Maria José, cabo-verdiana. Diga à sua mulher, ela vai lembrar-se de mim".

Novo abraço, mais emocionado, e desejos de felicidades. "Vocês são gente! Vocês são gente! São cinco estrelas".

Quem assiste, não percebe onde acabam os votos no plano pessoal e começam os do plano político. Pouco interessa: com uma manhã destas o dia já está ganho e bem ganho.

CONVÉM RECORDAR




O Bloco presta contas

Numa altura em que entrámos na última semana da campanha eleitoral, convém recordar um documento disponibilizado pelo Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, há quase um mês e meio, onde se encontra um resumo das propostas feitas pelos vários deputados do Bloco de Esquerda em diversas áreas como no combate ao desemprego e á corrupção, na defesa da saúde e escola públicas, do ambiente, da justiça e da agricultura, entre outras.



No final desta Legislatura, interrompida com a convocação de eleições antecipadas o Bloco de Esquerda contabiliza 345 iniciativas legislativas: 186 Projectos de Lei e 159 Projectos de Resolução. Destes, 32 Projectos de Lei foram aprovados na generalidade e 17 transformaram-se em lei. Do total dos Projectos de Resolução 51 foram aprovados.



O Bloco quer, assim, mostrar-se como “uma esquerda que cumpre a sua palavra”.

Bloco lança a rede a desiludidos do PS

Há eleitores indecisos em relação a 5 de junho ou magoados com os seus partidos? Não importa o quadrante onde estejam, já há muito se encontram na mira do Bloco. Hoje, um dia preenchido que só terminará de madrugada, Francisco Louçã e outros candidatos do BE desdobraram-se em apelos ao voto, com um piscar de olhos muito nítido a votantes do PS.


"Algum socialista podia pensar que o PS fosse criar um fundo em que o trabalhador ía pagar o seu despedimento?", perguntou Louçã, no comício da tarde em Santarém, que encheu dois terços do Teatro Sá da Bandeira.
Minutos antes, no mesmo palco, José Manuel Pureza, atual líder parlamentar, dirigira-se aos "socialistas revoltados e indignados", pelo facto de haver o PS "mais à direita da sua história" e por "os valores socialistas terem sido renegados pela direção de José Sócrates.

Conexão coimbrã

Não é obra do acaso que a primeira interpelação direta e explícita a votantes do PS tenha sido feita por Pureza. O cabeça de lista do BE por Coimbra, que tem o lugar em risco, "vai ser eleito, apoiado por tanta gente até do Partido Socialista", dissera Louçã de manhã, nas Caldas da Rainha.

O apelo a socialistas - não sendo uma novidade absoluta, assumiu agora muito maior destaque - foi feito um dia após Louçã ter pedido, na noite de sexta-feira, em Leiria, o "voto útil" dos eleitores à esquerda do PS.

O repto, na formulação inicial, abrangia os distritos onde o PCP não elege ninguém - Leiria, Coimbra e Aveiro, além de Faro. Todavia, na repetição da ideia, e sobretudo na forma como ela é replicada, a geografia fica ausente, parecendo mais um apelo geral.

Em várias ocasiões, já o Bloco apelou aos eleitores do PS e PSD, assim como aos abstencionistas.

Apostas múltiplas

Se o "voto útil à esquerda" foi repetido hoje por Louçã, outro tipo de voto surgiu pela primeira vez no seu argumentário. No almoço, no Entroncamento, o coordenador do Bloco falou do "voto perigoso" que é representado pelos "partidos da troika" (PS, PSD e CDS).

À medida que a campanha parece curta para o BE inverter as sondagens, a estratégia de Louçã parece assim apostada em ocupar todas as quadrículas do mapa dos indecisos e desiludidos.

A campanha deste sábado termina já no domingo, com uma arruada no Porto, a começar à meia-noite. Se a madrugada termina com divertimento, o domingo amanhece com cultura, com uma visita à Fundação de Serralves, às 11h00. Segue-se um almoço na Alfândega do Porto. Um encontro com a população, no Furadouro, fecha a jornada

domingo, 29 de maio de 2011

NEM TODOS SE CALAM (I)

NEM TODOS SE CALAM (II)

Por muito controlo que haja sobre os dissidentes, nem todos se calam perante as evidências que a máquina de propaganda socrática pretende esconder e que o cidadão comum está farto de saber. Certamente, muita gente dentro do PS deverá querer ver-se livre de Sócrates mas ainda não tem coragem de levantar a voz. Talvez no próximo domingo se confirme este vaticínio. Almeida Santos já deu o tom…
O texto seguinte é o excerto de um artigo de opinião que vem hoje inserido no “Diário de Coimbra”, cujo autor é um militante do PS que clama frequentemente pelo rumo que o partido tem seguido pela mão de Sócrates. A comparação entre este e Passos Coelho não deixa margem para dúvidas.

(…) “O mais chocante é a actuação dos dois pretendentes a primeiro-ministro, figuras intelectualmente dissolutas, mas suficientemente irresponsáveis, para se julgarem aptos a destruir quase 900 anos de História. Um com provas dadas em seis anos que atiraram o país para a bancarrota. O outro pensando que, se o nível caiu tanto, também ele tem o direito de continuar a desgraçada obra do seu eventual antecessor. Em comum, têm a fé na impunidade que os protege.
Tudo o que Sócrates tem dito sobre o PS, com grande partido de esquerda e do Povo, é verdade, só não se percebendo que faz ele na liderança de uma tal instituição. O seu vínculo dogmático ao neoliberalismo é tão evidente que pouca gente acredita nesta recuperação dos grandes valores da esquerda. Chegamos a um ponto em que a mais insuspeita verdade dita por ele, é escutada pelo eleitorado como a mais execrável mentira.
E aproveitou a primeira semana de campanha para deixar de ser o candidato do PS, transformando-se no candidato do bloco central, ou ainda coisa pior.
Pedro Passos Coelho só se diferencia pela postura. Grita menos, mantém um porte mais razoável, tenta passar a ideia de ser mais bem-nascido que o rival, mas está contaminado pelos mesmos males, agravado pela gente que o rodeia. Politicamente mal estruturado, torna-se por isso vulnerável a todo o tipo de influências, sobretudo da horda neoliberal que o vai mantendo onde está. (…)”
(Sérgio Ferreira Borges)

Luís Moleiro

VAZIO DE IDEIAS

A primeira semana oficial de campanha eleitoral saldou-se por um deserto de ideias sobre o futuro de Portugal por parte dos dois principais candidatos à governação. Até à próxima sexta-feira vai ser mais do mesmo. Nada que não se esperasse porque o futuro será o que o FMI quiser.
Da parte do CDS, Paulo Portas, outro FMIsta encartado, praticamente não assume compromissos à espera das 19 horas do dia 5 de Junho para se decidir por qual lado tenderá.
Todos os dias surge um caso para a galeria do que de mais desinteressante se fizer durante a campanha eleitoral, acompanhado de troca de insultos, o que tem apenas o condão de mostrar a falta de propostas para o futuro de Portugal. Aliás, parece que neste aspecto, tanto PS como PSD estão a jogar no mesmo tabuleiro: acompanhar o seu vazio de ideias de um espampanante marketing como se estivessem a tratar de coisa séria.
Assim, ressaltou à vista o silêncio ensurdecedor de Sócrates e Passos Coelho perante a diatribe com que a Sra. Merkel presenteou Portugal, ainda há pouco mais de uma semana quando, com voz grossa para impressionar os seus eleitores, afirmou que os portugueses têm excesso de férias à custa da ajuda financeira da Alemanha. Curiosamente, nenhum dos principais candidatos a primeiro-ministro levantou a sua voz política perante um excelente temas para abordar em plena campanha eleitoral. “Portugal paga aos bancos alemães juros superiores a nove por cento, pelos empréstimos sobre a dívida soberana. Paga ao FMI e a Bruxelas juros superiores a cinco por cento. É caso para perguntar quem ajuda quem?” (1)
Não seria caso para uma guerra de palavras com a governante alemã mas os portugueses veriam com muito bons olhos uma resposta política adequada, por quem poderá vir a assumir as mais altas funções de Estado.

(1)Sérgio Borges (Diário de Coimbra, 29/5/2011)

Luís Moleiro

Alerta: Pedro Magalhães. "O eleitorado do BE é mais liberal no sentido económico que o do CDS"


O especialista em sondagens acha que quando Francisco Louçã fala de economia os eleitores do Bloco "pura e simplesmente" não estão a ouvir


Pedro Magalhães é especialista em sondagens, professor universitário no ICS (Instituto das Ciências Sociais) e durante muitos anos dirigiu o centro de sondagens da Universidade Católica. É autor de um livro recente sobre sondagens, numa colecção dirigida pelo sociólogo António Barreto. O universitário defende algumas coisas interessantes: as campanhas servem apenas para mobilizar os respectivos eleitores. As eleições ganham-se com a desmobilização dos adversários e a convocação dos fiéis. O CDS podia ter tantos votos como o PSD, não fosse o voto útil. E os eleitores do Bloco de Esquerda são mais liberais do ponto de vista económico que os do CDS.

Mas nestas eleições não se está a verificar uma passagem de votos do PSD para o CDS e do Bloco de Esquerda para o PS?

Evidentemente que existem. Às vezes nem são precisas sondagens para perceber isso. Em 2005 foram visíveis, a olho nu, transferências de voto do PSD para o CDS de pessoas que eram eleitores tradicionais do PSD, mas não queriam votar no Santana Lopes. Apesar de estes dados não estarem tratados, parece-me que nestas eleições os eleitores do BE estão a deslocar-se para o PS e do PSD para o CDS. Se houver inquéritos pós-eleitorais que analisem ao pormenor, penso que isso se vai confirmar.

Aquilo para que eu queria chamar a atenção é que hoje votam menos de 70% dos eleitores. Destes votantes, metade confirmam em inquérito que simpatizam com um partido. E as pessoas que manifestam uma simpatia por um partido votam quase sempre nesse partido. As transferências de eleitores de um partido para outro são reduzidas, tirando alguns casos: sabemos que entre os eleitores do PS e do BE há comunicação. Quando perguntarmos em que outro partido poderia votar para além do seu, verificamos que há eleitores do PS que podem votar BE e eleitores do Bloco que admitem votar PS. Há forças políticas em que isso não se verifica. Os eleitores da CDU não têm quase transferências com ninguém, o seu eleitorado está encapsulado.

Mas isso não é contraditório com o caso do BE, que não tem poder local, ao contrário do PCP, mas tem neste momento mais deputados?

Sim, mas o BE tem a capacidade, pela sua natureza urbana, de atrair eleitores onde há muitos eleitores, as zonas do litoral e as grandes cidades. Curiosamente, eleitores que parecem dar mais peso às posições do Bloco de Esquerda em temas sociais e culturais que às suas posições económicas. Dou um dado concreto no livro, quando perguntamos às pessoas sobre o peso específico do Estado na economia. Qual é o eleitorado mais liberal? Espantosamente, é o do Bloco de Esquerda. Comparativamente, claro, em Portugal não temos eleitorado pró- -mercado, é uma categoria completamente residual. Mas o eleitorado do BE é mais liberal, no sentido económico do termo, que o eleitorado do CDS. É uma coisa muito curiosa porque mostra que, quando Louçã fala de economia, pura e simplesmente nem estão a ouvir o que ele diz. Votam no Bloco de Esquerda por outras razões. Por serem tendencialmente mais instruídos e mais urbanos, não têm medo do mercado.

Isso pode explicar que nesta crise económica, em que estas questões são centrais, o BE não consiga crescer nas sondagens?

O PCP capitaliza segurando o seu eleitorado. Já o BE tem mais dificuldades, porque o seu eleitorado não se revê nas suas posições económicas. Essa capacidade do seu eleitorado de ignorar o que o BE diz sobre a economia tem-se tornado mais difícil, especialmente desde que o partido Louçã entrou em competição directa com o PCP. Quanto mais o Bloco se assemelha ao Die Link (pós-comunistas alemães), menos se assemelha aos Verdes. E o Bloco de Esquerda ganha mais eleitores quanto menos definido ideologicamente e mais parecido com os Verdes for. A sua aproximação ao PCP retira-lhe capacidade de atracção do eleitorado que tem alimentado o seu crescimento.

O apelo ao voto útil é de facto eficiente?

Sim, se não houvesse o apelo do voto útil, não haveria razão para o CDS não ter quase tantos votos como o PSD. Os seus eleitores são muito parecidos, em perfil sociológico e ideológico com os do PSD. A única diferença é ao nível de rendimento, mas é uma diferença muito ténue. Aquilo que diferencia nos resultados é a hipótese de formar governo e de impedir a eleição de um terceiro. Os eleitores são muito estratégicos. Em círculos pequenos cedem mais ao apelo do voto útil que nos grandes. Não é que eles saibam tecnicamente o que é o método de Hondt, mas percebem as possibilidades práticas do seu voto.

Dedicado aos que nos desgovernaram


E ao sétimo dia o Bloco não descansou


Foi um dia em cheio e muito preenchido para o Bloco de Esquerda, com um comício em Santarém, um almoço com militantes no Entroncamento e uma visita ao mercado das Caldas da Rainha, sempre em ritmo acelerado. Francisco Louçã, José Manuel Pureza e José Gusmão não pouparam palavras nem ataques à direita, com discursos inflamados e inspirados.


Se Louçã perguntou à direita “espelho meu, espelho meu, quem é mais ministro do que eu?”, Pureza acusou o PS de estar “mais à direita que nunca, com o socialismo renegado pela direcção política de José Sócrates", enquanto Gusmão sublinhou que "o rabo escondido da redução da TSU é o aumento do IVA".

No Entroncamento, o coordenador do BE veio apelar ao "voto útil", contra o "voto perigoso na direita", que, diz Louçã, "desapareceu da campanha", já que esta está "tranquila" devido ao programa da troika, "um plano ao qual a direita nunca se tinha atrevido".
Mas mesmo com "um programa que está envolto no nevoeiro", como Pureza lhe chamou na sua primeira aparição em campanha, no comício de Santarém, Louçã lamentou que os partidos que assinaram o texto da ajuda externa tenham "tanta pressa para pôr tão depressa a lei que facilita despedimentos mas que para uma política de criação de emprego já não haja pressa".
Sobre o número de ministérios, um dos cavalos de batalha de PSD e CDS durante a pré-campanha e campanha, Louçã ironizou assim: "quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é tolo ou não tem arte".
O líder bloquista quer sim discutir outros temas, que não o aborto, assunto puxado por Passos que levou "Dom Januário Torgal Ferreira a acusar o PSD de utilizar um anátema desprezível", como o trabalho. "Alguma vez um socialista poderia imaginar que o partido iria criar um fundo para despedir o seu colega?", questionou Louçã, lamentado que seja considerado "normal" a existência de "salários baixos, precariedade, recibos verdes e desemprego".
"A prioridade é fazer já a renegociação da dívida antes do país ser afundado num calvário social", sustentou José Manuel Pureza, num discurso muito cáustico em Santarém, ele que luta para manter o lugar de Coimbra, distrito que perde um deputado nestas eleições. Pureza recusa que a intenção seja não pagar, já que "calote é o BPN, calote é o offshore da Madeira", ideia secundado pelo candidato por Santarém, José Gusmão. "Pedir empréstimo sabendo que não se pode pagar, isso sim é comportamento de caloteiro, aquele que têm PS, PSD e CDS", disse. Mas mais que "caloteiro", Gusmão lamentou "um comportamento mais manhoso, que é renegociar a dívida mais lá para a frente".

Para que "não seja o medo a nortear as decisões a 5 de Junho", disse Gusmão, "devolvam-nos o nosso futuro sequestrado", pediu Pureza.

"Se o futuro está nas estrelas, será na estrela do BE, com braços para agir e cabeça para pensar", sustentou Gusmão, com olhos postos nas eleições.

'Louçã, vai um copo?'


As arruadas são um clássico das campanhas, mas o BE ensaiou hoje um modelo… inovador: a arruada nocturna. Francisco Louçã, coordenador do Bloco de Esquerda (BE), esteve, este sábado à noite nas ruas animadas da noite do Porto, onde conviveu com jovens de uma geração com problemas específicos. Louçã recordou que é uma «geração que vive com melhores qualificações, mas vive pior que os seus pais».

«Este é um problema não só do Porto, mas de todo o país», disse aos jornalistas, depois de percorrer a Rua das Galerias de Paris.

Acompanhado de João Semedo, cabeça-de-lista pelo Porto, mas também do jovem deputado José Soeiro e de Fernando Rosas, Louçã começou a arruada noturna junto ao Café Piolho. Era quase meia-noite e meia, quando começou a distribuir beijinhos e a responder positivamente aos pedidos para tirar fotografias.

Mas também recebeu outros pedidos: «Ó Louçã, paga-me um shot!». Mas enquanto este jovem lhe pedia uma bebida, Louçã ouvia uma jovem licenciada com dificuldade em encontrar emprego.

Entrou depois no Café Piolho e o aparato provocou a curiosidade de um grupo de franceses que ali estavam. «Qui est?!», perguntaram aos jornalistas, já animados por muitos shots que Louçã não tinha pago. «C`est du Bloc de Gauche», respondemos.

«Ah! L`homme est du Gauche!», exclamaram. Chamaram-no e cantaram, afinadíssimos, para ele. Foi bom para os bonecos das televisões, mas sobretudo para animar um início de uma arruada que prometia. Foi a mais movimentada da campanha.

Lá mais adiante, Louçã é abordado por um vereador municipal do CDS. Queria saber de uma boa razão para votar no BE e não nos populares. No meio da confusão, foi difícil ouvir a resposta, mas conversaram durante alguns segundos, Louçã argumentou que «PS, PSD e CDS têm o mesmo programa, que é o programa da troika e despediram-se com um desejo de «boa sorte» por parte do adversário do candidato.

«Acabei de encontrar um deputado municipal do CDS que me quis perguntar boas razões para votar no Bloco de Esquerda. Ele terá as suas próprias opiniões e eu não tiro conclusões. Mas esta discussão franca sobre os problemas é importante para todos nós», explicou Louçã aos jornalistas que o acompanhavam.

E os jovens avaliam-lhe a performance: Diogo só tem 18 anos e estuda Direito, no primeiro ano. «Este homem é um economista brilhante», elogia. Diogo gosta de Louçã, mas não gosta de partidos. «É bom, mas não consegue fazer nada sozinho e com a Assembleia da República que temos», explica.

O candidato cabeça-de-lista do BE por Lisboa entrou depois na animada Rua das Galerias de Paris e misturou-se com os jovens. E quase nem precisava de os abordar. Eram eles que iam ter com o candidato. Continuavam pedidos de fotografia, de autógrafos, de beijinhos e de passou-bem. A arruada corria mais que bem e há pedidos mais¿ excêntricos: «oh Louçã, está a ouvir-me bem? Empreste-me 50 euros!». Louçã riu e o interlocutor esclareceu: «estava a brincar, estava a brincar».

«Está aqui uma parte da juventude. Está aqui uma parte dos problemas. Acabei de me cruzar com uma jovem farmacêutica, uma jovem psicóloga e uma jovem arquitecta. Adivinhe do que elas falam! Da dificuldade de arranjar emprego nas suas qualificações e em áreas tão precisas para o país», sublinha, em declarações aos jornalistas.

A arruada nocturna na noite do Porto foi a mais animada da campanha, depois de um dia preenchido que começou mais a Sul, nas Caldas da Rainha, e com uma trovoada, que deixou toda a comitiva encharcada.

sábado, 28 de maio de 2011

UTILIDADE DO VOTO

O voto só é útil para quem o recebe disse uma vez o prof. Adriano Moreira. Para mais, num momento em que os actores políticos estão tão descredibilizados – Sócrates é um típico exemplo – não faz qualquer sentido que o cidadão comum confie a sua rara possibilidade de intervir na escolha de quem vai conduzir os destinos do país àqueles partidos políticos que, usando sucessivamente o estafado argumento do voto útil, encaminharam Portugal para o estado que todos conhecemos. Não é preciso ser adivinho para vaticinarmos que a curto e médio prazos vamos assistir a um aumento do desemprego, das desigualdades sociais, da precariedade, do desmantelamento do Estado social, caso o arco PS/PSD/CDS obtenha, em 5 de Junho, uma significativa maioria.
No texto seguinte, a eurodeputada Marisa Matias desmistifica a chantagem que constitui o apelo ao “voto útil”.

Seja útil
“Como sempre acontece a cada eleição, discute-se sem fim a utilidade do voto. Aparentemente, há uns votos que são mais úteis do que os outros e o papel de cada um e cada uma de nós é estar à altura dessa utilidade que nos é pedida.
Sempre tive muita dificuldade em perceber esta classificação. Primeiro, porque um voto numa eleição é um exercício de um direito, é a manifestação de uma vontade, é fazer parte de um projecto colectivo, é um acto individual, é muitas coisas e, acima de tudo, é uma prática de cidadania. Por outro lado, se fosse apenas para ser útil, no mínimo deveria perguntar-se: útil para quem? Para quem vota? Para quem “recebe” o voto? Quando um pensionista pobre vota numa proposta para um governo que tem como medida uma redução ainda maior da sua pensão está a ser útil a quem? Quando uma funcionária do Estado vota num programa que lhe destina um corte no salário ou mesmo o despedimento está a ser útil a quem?
Nos termos em que é colocada a pressão do voto útil, quem menos conta é quem vota. Para além do sentido de responsabilidade individual em que, obviamente, se funda a democracia, é exigido aos eleitores um “sentido de utilidade” com uma definição prévia do que é o “voto aceitável”. É como dizer: faça o favor de sacrificar o seu direito a bem do “interesse comum” ou de uma alegada “estabilidade governativa”. Mas quem define esse interesse comum? E que benefícios temos tido dessa suposta estabilidade que a cultura do voto útil tem promovido nas sucessivas eleições? O que nos propõem de diferente hoje os partidos que desde sempre apelaram ao voto útil e dele beneficiaram, PS e PSD? Atendendo ao estado actual da economia portuguesa, às crescentes desigualdades sociais, ao desemprego galopante, ao aumento da precariedade, ao desmantelamento do Estado social, e usando os mesmos termos, é fácil concluir quão úteis têm sido os sucessivos votos de confiança nos defensores do voto útil.
Estreita visão da democracia esta, que em vez de promover a livre escolha dos cidadãos adopta a postura “peso na consciência”, do “mexa-se, mas só um bocadinho” e do “cuidado com o que pode perder”. Uma visão que ainda por cima é perigosa porque reduz dramaticamente e escolha e a pluralidade democráticas.
Quando a maioria dos eleitores que irá exercer o seu direito de voto já pouco ou nada tem a perder, o mínimo que nos é devido é recusar esta chantagem. Em democracia não há ideias nem votos úteis, há opções. Façamo-lo sem amarras e por pura convicção.”
(Marisa Matias, eurodeputada do BE)

Luís Moleiro

PS de esquerda só mesmo com Fábio Coentrão


O cabeça-de-lista do Bloco de Esquerda por Santarém, José Gusmão, acusou hoje PS e PSD de estarem a apostar numa campanha de «agressões verbais e incidentes laterais» para disfarçar a «enorme convergência» do programa dos dois partidos.

«José Sócrates diz que Passos Coelho é infantil, Passos Coelho diz que José Sócrates é uma pop-star em decadência. Mas entre a infantilidade e a decadência, não vislumbramos diferenças entre PS e PSD», afirmou o também deputado, num almoço na cooperativa de ferroviários, em Santarém, lembrando o acordo de ambos e do CDS ao memorando da troika.

Um programa onde «estão muitos dos sonhos mais antigos da direita» - «É por isso que PSD e CDS abraçam este programa com enorme entusiasmo». O mesmo é válido para os socialistas, argumentou. «O PS, a única forma que tem de introduzir alguma coisa de esquerda nesta campanha é chamando Fábio Coentrão», ironizou o cabeça-de-lista do BE, numa referência à presença do lateral-esquerdo do Benfica na campanha socialista, hoje de manhã.

Perante cerca de duas centenas de pessoas, o deputado defendeu também «que é preciso combater a abstenção», dado que esta beneficia socialistas e sociais-democratas - «Passos Coelho e José Sócrates vivem bem com a abstenção, o voto em branco, o voto nulo e até os eleitores fantasma».

Num almoço que contou com a presença do comentador e militante bloquista Daniel Oliveira – irmão do cabeça-de-lista por Santarém – também Francisco Louçã disparou contra socialistas, sociais-democratas e centristas. «Todos ralham e ninguém tem razão. Porque o programa do FMI é o PEC 4, o PEC 4 é programa do PS, o programa do PS é o programa do PSD, o programa do PSD é o programa do CDS» , defendeu o líder bloquista.

Louçã diz que os três partidos desapareceram da campanha para não dar explicações sobre o acordo com a troika. E deixou uma ‘farpa’ a Paulo Portas, a quem atribui uma única preocupação: «Espelho meu, espelho meu, há alguém mais ministro do que eu?»

Morrissey - Something is squeezing my skull


Memorando da troika: Governo engana os portugueses



Para grande surpresa, o memorando da troika que foi primeiro divulgado apenas em inglês e que o Aventar traduziu não é aquele que posteriormente foi assinado pelo governo na reunião do ECOFIN duas semanas depois. Existe uma segunda versão do documento e esta é que foi assinada pelo governo.

Diferenças:

  • Alterações menores (?) de calendário [Público]
  • «As empresas municipais e regionais passaram a ser mencionadas especificamente, ao contrário do que acontecia no documento original. Ainda que com prazos mais alargados, estas empresas a cargo das Câmaras Municipais e regiões autónomas vão ser sujeitas ao mesmo tratamento que as empresas tuteladas pela administração central.» [Expresso]
  • Concurso para nova licença UMTS/3G à qual não poderão concorrer os actuais operadores [Negócios]
  • As alterações à Taxa Social Única (TSU) têm de estar preparadas com um estudo a a concluído até Julho deste ano o que significa, segundo Passos Coelho, que o governo já tenha decisões tomadas neste momento [ionline]
  • Alterados prazos para mudanças no regime de indemnizações por despedimentos [Público]
  • Alterações ao regime da contratação pública foram adiadas três meses [Negócios]

Como se tudo isto já não fosse mau, escreve o Negócios:

«Por outro lado, conforme consultado pelo Negócios, há erros significativos de tradução na versão portuguesa. O exemplo é quando se fala na necessidade de se baixar as tarifas de terminação móveis a tradução descreve-as como “taxas de rescisão móveis”.» [Negócios]

Não, isto não são «aperfeiçoamentos técnicos». São alterações sobre o que foi tornado público, usado no debate político e tomado como referência para os diversos partidos se pronunciarem quanto ao acordo (no caso, PSD e CDS).

Existir uma nova versão do documento e ninguém disso saber é o aspecto mais grave, já que demonstra falta de transparência por parte do governo. Mas como se isso não chegasse, as diferenças são significativas.

O governo enganou os portugueses por não ter tornado públicas estas alterações. E viciou o debate (com a TSU, por exemplo) lançando uma campanha de medo quanto à ao Estado Social quando é o próprio governo que já terá planos para a TSU, a apresentar já em Julho. Só falta saber quais e, já agora, antes das eleições, caso não seja pedir muito.

Já agora, uma curiosidade: «Em cerca de 20 discursos, esta foi a primeira vez que José Sócrates mencionou o memorando que o Governo assinou com a troika numa acção de campanha. (…) Na mesma altura, sabia-se em Lisboa que a afinal tinha havido não um, mas dois documentos assinados com a troika.» [TVI24]

A Proposta da Troyka.

Francisco Louçã: Contra um novo referendo ao aborto, ataca Pedro Passos Coelho

“Vou vencer as sondagens”.

Líder do Bloco de Esquerda acusa Sócrates de desleixo, injustiça e facilitismo. Diz que vai ganhar às sondagens no dia das eleições.

Correio da Manhã – Acusa José Sócrates de governar com “entusiasmo liberal”. Foi esse entusiasmo que levou o País ao estado actual?

Francisco Louçã – O entusiasmo liberal é a desregulação do sistema financeiro, com aquela velha máxima de que a banca se regula a si própria e depois tivemos uma catadupa de crises bancárias que o contribuinte, os depositantes, enfim, os portugueses pagaram. Nacionalizámos prejuízos. É o caso do BPN. Os portugueses todos juntos pagaram, com o BPN e com o BPP, 2250 milhões.

- Não compra a versão do ministro das Finanças de que existia um risco para o sistema bancário?

- Havia riscos sistémicos que tinham de ser protegidos antes e que têm de ser protegidos em qualquer caso. Mas a nacionalização daqueles prejuízos foi trazer o risco sistémico para o contribuinte. Havia outras formas de agir há muito tempo. Toda esta delinquência financeira que foi a liberalização de olhos fechados, digamos assim… no essencial, a outra face da moeda, é que este Governo foi um governo de favorecimento.

- Quer dizer que foi uma governação baseada em interesses?

- É uma coligação de interesses que governa a economia portuguesa.

- É a avaliação que faz destes anos de governação de José Sócrates?

- Houve fases muito diferentes, medidas positivas. O complemento solidário de idosos é uma boa medida, que ajuda a compensar as pensões mais baixas num sistema que é deficitário, que tem uma dívida interna para os seus pobres. Os milhões de portugueses que são pobres são sobretudo os idosos e as pensões são baixas. Mas a gestão financeira e económica, as Parcerias Público–Privadas, a quebra do investimento, o facilitismo fiscal, o descontrolo de desregulação do sistema bancário que deu crises como o BCP, como o BPN, como o Banco Privado, teve um custo enorme para os portugueses. Significou desleixo, incompetência, muita injustiça e muito facilitismo. E tem um preço, porque nos atrasámos e estamos numa situação muito mais difícil agora.

- Há pontos de vista comuns entre o memorando da troika e o programa do Bloco. O BE defende a suspensão imediata das Parcerias Público-Privadas (PPP) e a troika também…

- Há hoje quase um consenso, já ninguém se atrevia a propor novas PPP, o problema é a renegociação. Eu digo que nós não podemos pagar 5% quando a economia está a cair, mas também não podemos pagar 14% que é o que se paga nas PPP.

- O BE quer renegociar…

- O juro exorbitante da dívida interna, já para não falar dos 10 mil milhões a que eu me referia, do reforço das seis concessões das Scut, que o tribunal alega até serem ilegais e abusivas, tem um juro de tal modo brutal sobre a economia que nós temos de a resgatar. Temos de renegociar essa dívida para baixar o juro. Não podemos continuar a pagar concessões de auto-estradas ou hospitais a 12% ou a 14% de juros.

- Recusou-se a falar com a troika. Não passou para o eleitorado uma certa ideia de inutilidade do BE?

- Passou a ideia da inutilidade do PSD e do CDS, porque Portugal não tem três governos, não tem governos-sombra. Partidarizar um negócio, uma negociação desse tipo é degradar a imagem do País.

- As sondagens que temos conhecido colocam o Bloco de Esquerda abaixo do que obteve nas últimas eleições. Teme o voto útil à esquerda como parece estar a ocorrer?

- Eu aprendi muito com as sondagens e vou vencê-las, quero vencê–las, estão totalmente enganadas com o Bloco de Esquerda. Hoje, a disputa do BE é a indecisão.

- A questão de um possível referendo à Lei do Aborto foi trazida por Passos Coelho para a campanha eleitoral. Faz algum sentido agora?

- Eu defendi um valor que foi aprovado pelos portugueses neste referendo que escolheu que as mulheres não fossem criminalizadas. E um referendo é sobre questões desta natureza, não sobre a regulamentação da lei. Não há referendos por isso, com franqueza. Isso é de uma superficialidade política inaceitável.

- Mas não há espaço para melhorar a lei, para a alterar?

- Não tem nenhum sentido repor na sociedade portuguesa um debate a favor da criminalização das mulheres, isso não tem base nenhuma.

- A lei não pode ser modificada?

- A lei funciona bem, tem funcionado muitíssimo bem.

“JOSÉ SÓCRATES JÁ METEU O RABO ENTRE AS PERNAS”

CM – Explique lá melhor a história da carta do Governo que apresentou no debate com José Sócrates. Afinal, a carta existe, não existe?

Francisco Louçã - O engenheiro Sócrates já meteu o rabo entre as pernas, se me permite a expressão. Há dois memorandos. Há um que o Governo traduziu depois de ter sido abanado num debate eleitoral – e um segundo que não traduziu, anexo à carta de intenções escrita ao FMI. Foi isso que eu citei e diz que será apresentado em Outubro uma alteração da Segurança Social. Essa alteração, que está no texto que citei e que atrapalhou o primeiro-ministro, terá de ser uma redução substancial da contribuição patronal para a Segurança Social do trabalhador. O primeiro-ministro é que nunca quis explicar o seu compromisso com o FMI a este respeito.

- Estaria disponível para um acordo pós-eleitoral com um PS vitorioso?

- Não. O PS fez acordo com a troika. E tem um compromisso que é cortar as pensões. O Bloco de Esquerda tem um outro compromisso que é defender as pensões.

- Está fora de questão qualquer entendimento com o PS?

- Está fora de questão proteger uma política incompetente que leva Portugal à bancarrota. Nós queremos todos os compromissos para que se caminhe para um governo de esquerda. E queremos o Bloco de Esquerda tão forte nestas eleições que nos faça avançar nesse sentido. Mas tem de ser um combate contra a bancarrota.

- É um dos políticos mais veteranos da cena política nacional. Qual é o seu prazo de validade no BE?

- Isso o Bloco de Esquerda decide.

- E se o BE tiver uma votação inferior à que obteve nas últimas eleições. Coloca o seu lugar à disposição?

-Essa pergunta só respondo na noite das eleições. Não tem sentido porque não estou nestas eleições para ter um resultado inferior, mas para ter um resultado superior.

PERFIL

Francisco Louçã, 54 anos, é natural de Lisboa. Licenciou–se em Economia, no Instituto Superior de Economia da Universidade Técnica de Lisboa, onde concluiu também o doutoramento. Actualmente, dirige um dos centros do investigação científica da escola, a Unidade de Estudos sobre a Complexidade na Economia. Fundador do BE em 1999, é coordenador do partido desde então.

Louçã apela a ‘voto útil’ no BE

“Queria falar do voto útil pois considero que Leiria é dos melhores locais para isso já que PS, PSD e CDS apresentam uma tripla de direita”, disse esta sexta-feira à noite o líder do BE.

Francisco Louçã passou a dizer que o voto útil “é um voto de esquerda ” e apelou a quem é socialista e votou Sócrates “que pense agora o que vai fazer a 5 de Junho”.

O líder bloquista disse ser necessário pensar o que se faz no país “nos próximos 13 anos em que Portugal vai estar a pagar o acordo agora assinado com a troika”.

Apelou mesmo a que se olhasse para as crianças que brincam na praça e se veja o futuro. Frisou que apesar da importância e de terem assinado o documento com a troika os líderes do PS,PSD e CDS agora tenham dúvidas. E perguntou : “Então não sabiam do que falavam? Será que a campanha tem de começar de novo para eles nos dizerem afinal do que falavam?”, disse Louçã.

O líder do BE passou a explicar que existem dois documentos assinados pelo governo português. “Um não traduzido para português mas que foi assinado em nome dos portugueses. Mas existem diferenças entre as versões de 3 e 17 de Maio e considerou assim espantoso que duas semanas depois os partidos venham com cara de caso dizer que não conheciam bem o texto”,disse.

E voltou a perguntar: “Já repararam que eles nunca falam do texto que assinaram. Um emigrante até pode pensar que “a troika é um grupo de rock que vem ao festival da Zambujeira do Mar!” O líder do BE apelou aos partidos que “não finjam que não sabem”.

Louçã diz que a grande diferença entre uma versão e outra é antecipar para Julho os cortes no subsídio de despedimento que querem facilitar.

Antes o actual deputado e cabeça de lista por Leiria, Heitor de Sousa, disse que o comício decorria numa altura em que se está a entrar na segunda parte da campanha e em que mais nenhum partido para além do BE apresentou propostas distritais.

Frisou ainda que os programas eleitorais do PS,PSD e CDS são “a fingir, pois mesmo que prometam o céu existe é um inferno que nos espera”.

Já Helena Pinto , actual deputada, veio falar no voto de 5 de Junho dizendo que “o BE quer resgatar a verdade em que vivemos”. Considera ter havido “opções contra as pessoas enquanto uns assinam de cruz um documento que facilita os despedimentos e acaba com a Segurança Social Pública”.

Disse que a palavra social na boca de Sócrates “ficou vazia pois ele já a vendeu há muito”. Para o BE “o verdadeiro resgate tem data marcada para 5 de Junho” e reafirmou a “necessidade de se renegociar a dívida”.

Márcia Cardoso – advogada há mais de um década e independente pelo BE nestas eleições – foi a primeira oradora para dizer ser confrontada diariamente com processos de insolvência que aumentam os despedimentos e apelou à assinatura de uma petição contra os precários.

O comício do BE em Leiria começou com a música do grupo ‘os chocalhos’ que foram aquecendo o ambiente até às declarações políticas. Curiosamente neste comício de Leiria as bandeiras eram apenas vermelhas e roxas o que contrasta com o colorido de outras iniciativas desta campanha para as legislativas de 5 de Junho

quinta-feira, 26 de maio de 2011

CITAÇÃO

“Sócrates mentir com tanta facilidade é, para mim, um problema político. Não é, ao contrário do que agora parece, nem o primeiro nem o pior. Mas, sobretudo, não é esse o seu principal problema. O seu problema é não ter um rumo para o governo do País nem convicções políticas. O maior problema de Sócrates não é dizer hoje uma coisa e amanhã outra. É a razão porque o faz. É não ter uma verdade sua - e isso não é uma questão de carácter, é uma questão estritamente política. É que o confronto político faz-se de mundividências e convicções que se confrontam. Diz-se que Sócrates é determinado. O problema é que a sua determinação não está associada a convicções.” (Daniel Oliveira, jornalista)

DENUNCIAR É PRECISO

Não tenhamos a menor dúvida de que vivemos numa espécie de liberdade vigiada. O regime em que nos inserimos teceu uma apertada rede que filtra a parte mais sumarenta e importante da informação que nos devia chegar e que acaba por se esfumar na espuma dos dias. Durante o salazarismo/marcelismo, o controlo da informação era feito à bruta, de uma forma artesanal, e, por isso, facilmente detectável. Sabíamos que, se quiséssemos conhecer os podres do regime tínhamos de recorrer à comunicação social estrangeira. Os meios sofisticados de que o actual poder dispõe fazem esse trabalho de forma quase indolor e com resultados excelentes. A informação, controlada pelos poderes fácticos, chega às redacções já cozinhada de modo que é só despejá-la, a maior parte das vezes acriticamente, sobre os desprotegidos espectadores/ouvintes/leitores. Com frequência, pode ler-se em vários jornais uma notícia redigida exactamente da mesma maneira.
Com a falta de trabalho, compreende-se que muitos jornalistas, contratados à jorna, com filhos para alimentar, renda de casa e carro para pagar, mesmo contrariados tenham de fazer o papel de voz do dono. É melhor engolir sapos do que não ter nada para engolir…
Só uma sólida independência económica, um elevado estatuto profissional ou uma coragem que roce a loucura vai permitindo que quem escreve nos jornais vá chamando os bois pelos nomes e transmita aos leitores as verdades inconvenientes para o regime.
É o caso do escritor Manuel António Pina, Prémio Camões 2011, que hoje assina no JN um pequeno mas significativo texto que, só por má fé pode ser considerado uma denúncia de tráfico de influências… Casualidade ou causalidade?
Começa assim:
“Talvez tenha visto mal mas não me apercebi de que, como vem sendo feito na Net, algum jornal se tenha ainda interrogado sobre a sucessão de três notícias em pouco mais de dois meses que, isoladas, talvez só tivessem lugar nas páginas de Economia mas que, juntas, e com um director ou um chefe de redacção curiosos de acasos, até poderiam ter sido manchete.” (...)
Excelente… pelas linhas, pelas entrelinhas e por tudo o mais.

Luís Moleiro

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O ESTADO SOCIAL DE SÓCRATES É UM SACO COM UMA MERENDA...

MOVIMENTO 15-M

Por essa Europa fora e com a ajuda das redes sociais têm-se constituído muitas extensões dos grupos de jovens espanhóis que têm estado nos últimos dias a ocupar a praça da Puerta del Sol em Madrid e noutras cidades do país vizinho unidos sob o slogan "Democracia real já!".
Eis algumas das palavras de ordem do denominado Movimento 15-M (de 15 de Maio, data da primeira concentração de jovens espanhóis):

"Não somos anti-sistema. O sistema é anti-nós"

"Esta crise não pagamos"

"Não somos mercadoria de políticos e banqueiros"

"A bancos salvais. A pobres roubais"

"Os nossos sonhos não cabem nas vossas urnas"

"Se não nos deixam sonhar, não vos deixaremos dormir”

"Contra a ditadura capitalista”

"Contra a ditadura económico-financeira"

"Pelo poder popular"

"Porqué manda el mercado, si yo no le he votado?"

"I don"t feel represented!"

VENHA O DIABO E ESCOLHA

Como diz o povo “entre os dois venha o diabo e escolha”. Os responsáveis máximos dos dois principais partidos políticos portugueses não nos oferecem a mínima garantia de credibilidade.
Sócrates é o campeão das inverdades, do autoritarismo mascarado de uma retórica envolvente, do arbítrio, da destruição do valor dos compromissos assumidos, enfim, uma “catástrofe política”. Passos Coelho, por sua vez, constitui uma “catástrofe económica” se tivermos em conta o extremismo de que tem dado mostras nesta área, onde tem sido suficientemente claro em relação ao que pretende fazer, ainda por cima, rodeado por uma matilha que mete medo.
No seguinte texto que Rui Tavares assina hoje no “Público” é feita uma excelente caracterização destas duas personagens. Vale a pena lê-lo.


DUAS CATÁSTROFES
“Não sei que mal fizemos à deusa da democracia, mas ela está a sujeitar-nos a uma duríssima prova.
Diz ela: Portugal, escolhe entre duas catástrofes. Preferes uma catástrofe económica e social? Ou antes uma catástrofe política?
A catástrofe económica e social é Pedro Passos Coelho, que é um líder do PSD muito mais banal do que parece. O que sabe de política aprendeu como líder de uma juventude partidária; em vez de ter maturado, a sua temporária ausência da política fê-lo regressar como personagem plastificada. A imagem de extremista ideológico que a esquerda compôs dele pode até, de certa forma arrevesada, creditá-lo de uma consistência de pensamento que eu - salvo melhor intuição - não lhe encontro.
Temo-lhe a ligeireza mais do que o extremismo. A privatização das Águas, a extinção do Ministério da Cultura, tudo parece emergir no seu discurso com a mesma falta de questionamento.
Certas pessoas parecem não ter dúvidas por dogmatismo. Outras não têm dúvidas por inconsciência - e Passos Coelho é uma delas. Uma pessoa assim é perigosa, sobretudo quando rodeada por uma clique de tacticistas disposta a bajular o líder para alcançar os seus próprios objectivos. Pedro Passos Coelho está rodeado destes bajuladores por todo o lado, e eles parecem mais movidos pelo lucro do que pela glória.
Com um país em crise, vai ser difícil distinguir entre a privatização e a pilhagem. A catástrofe política é José Sócrates.
Para quem nunca comprou a teoria, tão conveniente em certos sectores da esquerda, de que PS e PSD são iguais, apostar em Sócrates para combater Passos Coelho poderia ser uma opção.
Mas eu não me posso esquecer de outro Sócrates. O Sócrates dos processos judiciais contra opinadores e jornalistas, do um-contra-todos, dado aos ataques de fúria, à paranóia e às derivas autoritárias. O Sócrates que fez da arrogância uma forma de respiração.
Ao contrário de Passos Coelho, este Sócrates não se consegue esconder. Ele está ali, por debaixo da pele, e todos nós o conhecemos demasiado bem. Quando ele deu uma entrevista como "simpático" ninguém acreditou. O verdadeiro Sócrates estava impaciente por aparecer.
Estas características são - para quem se preocupa com a democracia - mais do que apenas uma caricatura. Sócrates fez muito para desvalorizar o valor da palavra política nos últimos anos. A confiança foi virada de pernas para o ar demasiadas vezes. O sectarismo impregnou o ar, também por culpa dele, e contaminou o país.
De caminho, Sócrates esvaziou o PS por dentro como o dono de um banco. Um partido outrora orgulhoso das suas raízes democráticas, progressistas e abertas tem agora medo do chefe. Esse foi outro dos efeitos da acção de Sócrates, e toda a gente que o escolher para barrar Pedro Passos Coelho sabe que conta com a catástrofe política para conter a catástrofe social e económica.
Mas alguma coisa fizemos de mal à deusa da democracia. O ambiente em que vivemos não é só culpa de dois homens; é culpa de uma cultura política própria de beco sem saída.”
(Rui Tavares, Historiador. Deputado independente no Parlamento Europeu pelo BE)

Luís Moleiro

terça-feira, 24 de maio de 2011

NÃO HÁ ALTERNATIVA À RENEGOCIAÇÃO

Para Paul Krugman, Prémio Nobel da Economia em 2008, “é claro que a Grécia, a Irlanda e Portugal não podem e não vão reembolsar as suas dívidas totalmente, embora a Espanha possa consegui-lo”. Ele considera que as políticas de austeridade impostas pelo BCE se baseiam em “fantasias económicas”, a mais evidente das quais é garantir que os cortes nos gastos vão levar à criação de empregos através do aumento da confiança do sector privado.
O reputado economista norte-americano, considerado um keynesiano é professor de Economia e Assuntos Internacionais na Universidade de Princeton. Aquilo que Paul Krugman afirmou já vem a ser dito em Portugal por muita gente que é etiquetada de extremista, caloteira, radical, irresponsável, etc. De qualquer maneira é bom ficarmos cientes de que, mais tarde ou mais cedo, estaremos a renegociar a nossa dívida por muito que se insista que teremos condições de a pagar nas actuais condições. Quanto mais tarde o processo de renegociação se iniciar, menor é a nossa margem de manobra e maiores vão ser os sacrifícios que nos irão impor.
Radicais, irrealistas, caloteiros e irresponsáveis são aqueles que, por motivos ideológicos e, não só, “se recusam a debater o inevitável” como afirma Daniel Oliveira num excelente texto que assina no “Expresso” online de ontem.
Começa assim:
“A palavra que sempre aparece associada à dívida irlandesa, grega e portuguesa em todos os textos que por esse Mundo se vão escrevendo tornou-se numa palavra proibida no debate político português: renegociação. As contas são simples e não deixam enganar: é virtualmente impossível pagarmos a dívida acumulada e a que, para pagar a que já temos (e recapitalizarmos os bancos), acabámos de contrair.”

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Luís Moleiro

segunda-feira, 23 de maio de 2011

JÁ VALE TUDO!

sergiolavos

Ainda há bem poucos anos, seria inimaginável que o PS (um dos partidos fundadores da democracia portuguesa, com nome de esquerda) nos conduzisse ao grau zero da política. Nunca se sabe o que está para acontecer mas dificilmente a própria direita fará pior. Já assistimos aos mais variados truques e todos parecem válidos para enganar o cidadão eleitor e manter o poder a qualquer preço.
O PS actual, tal como o seu líder, são feitos de aparências. Quase nada é real neste partido e, aqueles que, ainda distraídos forem levados pelo ardil, rapidamente vão dar conta do logro em que caíram.
A última pode ler-se na edição online do Correio da Manhã de ontem. O PS recrutou dezenas de imigrantes indianos e paquistaneses que trabalham em lojas e na construção civil para figurarem em comícios como apoiantes imaginários. Trata-se de indivíduos que quase não entendem uma palavra de português e que não podem votar. Supostamente, o seu apoio é feito apenas a troco de transporte e de comida não recebendo qualquer remuneração pecuniária. Será mesmo que amam assim tanto uma camisola política que mal conhecem? ...

Luís Moleiro

A VERDADE

Como diz o povo, a verdade vem sempre ao cimo como o azeite. Quando são os nossos próprios adversários a reconhecê-lo, então, desaparece a última réstia de dúvida.
Em muitos casos, a campanha eleitoral, em vez de servir para esclarecer os eleitores tem o efeito contrário ou seja, ainda os baralha mais. Esta estratégia é a dos que sempre mentiram ao povo e dos que querem esconder as malfeitorias que têm planeado para o futuro. Falar a verdade, denunciar corrupção e trapaça nem sempre dá votos porque as pessoas se encontram submersas numa contra-informação maldosa que só as pretende confundir. Aos políticos desonestos convém fazer passar a mensagem de que os “políticos são todos iguais” na falta de dignidade e que a diferença não se faz por essa via. Mas faz-se e de que maneira!
Ainda na última sexta-feira, Francisco Louçã denunciava, num comício, um comunicado da CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) onde é referido que, em Portugal 20 pessoas acumulam 1000 cargos como administradores em empresas diferentes. É obra! Referiu ainda que “só uma delas tem 62 cargos e o rendimento mais alto de um destes administradores ascende aos 2,5 milhões de euros”. Se, por outro lado fizermos uma média, concluímos que cada pessoa acumula 50 cargos. Sabendo-se que 1 ano tem 52 semanas isto significa que cada administrador dedica pouco mais de uma semana por ano ao seu cargo, sem contarmos com o período de férias…
Pelo que facilmente se constata e, como hoje afirma no DN o jornalista Ferreira Fernandes – não propriamente um entusiasta do Bloco de Esquerda – “os 20 tipos espalhados por mil empresas não estão lá para as gerir, estão lá para influenciar”. Até porque, “alguns até estão em cargos não remunerados”, segundo parece.
Quando um adversário político do BE aproveita a denúncia de Louçã e lhe acrescenta mais alguns pormenores dignos de registo pelos piores motivos, então, para o cidadão comum não devem restar quaisquer dúvidas quanto à honestidade com que o Bloco anda nesta campanha eleitoral.

Luís Moleiro

domingo, 22 de maio de 2011

O QUE FICA DE UM DEBATE

Como seria de esperar, o último debate televisivo entre Sócrates e Passos Coelho foi muito pobre em ideias e em soluções para os problemas do país. Portugal e os cidadãos têm uma importância secundária perante o conjunto de interesses centrados na tomada do poder por qualquer dos grupos que estes dois sujeitos representam. E a prova está em que, depois de 31 actos eleitoras desde o 25 de Abril de 1974, se os portugueses olharem á sua volta encontram poucos sinais do paraíso que os partidos do chamado arco do poder lhes têm proporcionado. Os problemas que Portugal agora atravessa reflectem má gestão ao longo das últimas décadas e não são apenas resultantes da crise internacional como nos querem fazer crer os seus principais responsáveis.
Por sua vez, os “comentadores” (naturalmente entre aspas) – sempre os mesmos – que os canais televisivos convocam, têm essencialmente origem nos corredores partidários da ideologia dominante, revelando a promiscuidade existente entre alguns círculos de imprensa e políticos no activo. Basta ver a sua preocupação em garantir, de imediato, que foi A ou B quem venceu o debate como se se tratasse de um combate de box. Nem, ao menos, fazem um esforço para não revelarem tão desavergonhadamente as suas simpatias partidárias. Para os espectadores que gostariam de ouvir várias opiniões com alguma isenção acabam, naturalmente, por desistir. É claro que isto leva a que se perca a ocasião de fazermos crescer a nossa indignação perante abjectas afirmações como a que comporta o mais despudorado ataque ao Estado Social através de uma insuportável indiferença pelo sofrimento alheio: “mas porque é que uma pessoa no interior acha que, por se sentir mal, tem de ter uma ambulância à porta para a levar ao hospital mais próximo? Então não tem vizinhos?”
Comentários para quê? Apenas uma chamada de atenção para aqueles que pensam que esta é a opinião tresloucada de um jornalista. Nada mais errado! Ele é apenas o porta-voz daqueles que constituem o arco do FMI (PS/PSD/CDS). Esta é que é a realidade.

Luís Moleiro