terça-feira, 31 de maio de 2011

ESCONDER A VERDADE

A agressividade das medidas impostas pelo plano da troika não quer ser discutida pelos partidos que o apoiaram de olhos fechados. É por isso que a campanha eleitoral está a ser feita à base de insultos e maledicências, sem qualquer conteúdo esclarecedor. É por isso que cada um tende a sacudir a água do capote, sabendo perfeitamente o que aí vem.
Mais tarde ou mais cedo, a verdade acaba sempre por de impor. Os partidos parlamentares à esquerda do PS recusaram qualquer conversa com a troika por entenderem que só o Governo poderia negociar com aquela entidade. Foram muito criticados por isso porque alegadamente se excluíam de qualquer negociação para a atribuição do apoio financeiro a Portugal. Afina, tal como Louçã e Jerónimo de Sousa sempre afirmaram, os partidos que foram recebidos pela troika não foram negociar coisa nenhuma. Apenas assinaram de cruz o documento que lhes foi colocado à frente do nariz, comprometendo-se a cumprir as imposições que lá estavam redigidas. Pelo menos é o que se depreende das declarações de Eduardo Catroga do PSD, segundo as quais “ A quem fez as negociações foi o Governo, foi o Governo que assinou coma troika. A nós foi-nos dado conhecimento após a assinatura do Governo (sublinhado nosso).
Afinal, tal como Louçã afirmou há poucos dias, os três partidos que assinaram o acordo com a troika vão fingir que não é nada com eles. “Põem a sua cara de missa do sétimo dia para acabar com o direito dos trabalhadores a uma indemnização justa pelo despedimento, querem arrastar o país para acabar com o apoio aos desempregados, querem facilitar os despedimentos”, medidas que muito desejavam mas não tinham coragem de defender abertamente.
Daqui a poucas semanas, quando o tripé do FMI (PS/PSD/CDS) começar a ir a despacho, todos os portugueses – e não apenas alguns – perceberão o terramoto que se vai abater sobre nós.

Luís Moleiro

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