E foi esse ‘caderno de encargos’ que passou a enumerar, no comício desta noite no Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra - «Assumimos o compromisso solene de não baixar as reformas. De não baixar os salários da função pública, de taxar os bancos como qualquer outra empresa, de canalizar o investimento público para criar emprego, de reforçar o rendimento social de inserção, de não taxar o subsídio de desemprego».
«Faremos todas as convergências necessárias para tomarmos este conjunto de compromissos», garantiu o líder parlamentar bloquista, desafiando: «Agora digam lá que nós não existimos para assumir compromissos». Mas Pureza deixou claro que, sendo o PS um dos partidos que subscreveu o acordo da troika, não entra nesta equação: «Não nos peçam para fazer cosmética de esquerda a quem se comprometeu com o avesso da esquerda.»
Logo no início do discurso, José Manuel Pureza assumiu ao que vinha, citando as críticas de que o BE é um partido de protesto, mas não de compromissos – reparos que já se fizeram ouvir publicamente, até por parte de militantes do partido. A primeira característica não vai desaparecer, garantiu: «Somos e seremos sempre protesto, porque somos de esquerda. E não nos convidem para deixar de ser assim».
No restante, as palavras de Pureza foram mesmo a protestar, contra «um país encalhado há tantos anos num empate técnico que se eterniza entre PS e PSD».
Com o sociólogo Boaventura Sousa Santos na primeira fila – e palavras de apoio de várias figuras de Coimbra, exibidas num vídeo – Pureza apelou ao voto dos socialistas. Com eleição difícil para o Parlamento (as sondagens dão o BE a perder o lugar pelo distrito), o líder parlamentar conseguiu um feito muito raro nos comícios bloquistas: ser mais aplaudido que Francisco Louçã.
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