Num país em que tudo se privatiza e em que
tudo falha, o que salvou os homens do regime senão a privatização do próprio
poder político? Se olharmos para a composição do Governo de Passos e Portas nos
últimos três anos, tendo em consideração as ligações passadas aos principais
grupos económicos, vemos que o Conselho de Ministros não está muito distante de
uma Assembleia Geral de Accionistas, apenas para citar alguns:
Grandes escritórios de
advogados: 2 Ministro (Paula
Teixeira da Cruz, Assunção Cristas) e 7 Secretários de Estado (Adolfo Mesquita
Nunes, Alexandre Miguel Mestre, António Leitão Amaro, Filipe Lobo D'Ávila,
Paulo Núncio, Pedro Lomba, Teresa Morais ).
BES: 3 Secretário de Estado (Ana Rita Barosa,
Leonardo Mathias, Pedro Gonçalves).
BPN: 1 Secretário de Estado (Franquelim Alves).
REN: 1 Secretário de Estado (Henrique Gomes).
Citibank: 1 Secretário de Estado (Joaquim Paes
Jorge).
BPI: 1 Secretário de Estado (Miguel Morais
Leitão).
BCP: 1 Ministro (Paulo Macedo).
Atentemos ainda no seguinte:
Estão aqui referenciados apenas membros
do Governo de direita, ministros e secretários de estado. Se fossemos contar os
deputados PSD e CDS com as mesmas ligações, então, a lista ficaria
significativamente mais avantajada.
No que diz respeito ao PS, é bem provável
que tivéssemos também uma razoável equipa, tanto no que diz respeito a deputados
como governantes originários de grandes escritórios de advogados ou ligados à
banca ou a outros interesses empresariais. Não será por acaso que a prática
governativa do PS é sempre tendencialmente virada à direita, por muito grande
que se apresente com retórica de esquerda, antes das eleições. É um dado
histórico e não parece com tendência para se alterar.
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