De novo recorremos a uma entidade insuspeita de
radicalismo para realçarmos a desonestidade com que o Governo em geral e cada
um dos seus elementos em particular lida com os portugueses, para levar por
diante as suas intenções de reduzir ao máximo apoios sociais. Transcrevemos a
seguir o editorial do Público de ontem (26/12) onde se descreve uma malabarice
do ministro Mota Soares, muito provavelmente para convencer os mais distraídos
entre nós de que há um grande número de famílias e receber, na ociosidade,
montantes que podiam atingir 950 euros por mês. Trata-se, mais uma vez, de uma
manobra propagandística com a mal escondida intenção de proceder a novos cortes
nas prestações sociais. Já estamos habituados a estes truques baixos.
Agitar números sem deles ter certezas raramente
dá bom resultado. Quando o ministro Mota Soares falou em famílias a receber,
sem trabalhar, somas que podiam chegar aos 950 euros por mês, o mínimo que se
exigia é que o Governo viesse, de seguida, sustentar essa declaração em dados
concretos. Não o fez, nem nessa altura nem depois, apesar de insistentemente o
PÚBLICO tentar obter explicações junto do seu ministério. Nesta edição,
publicamos os dados possíveis, recolhidos junto de instituições sociais (as que
lidam directamente com a pobreza) e eles não confirmam a afirmação do ministro.
As poucas famílias que recebem tal quantia são numerosas e em situações muito
precárias. Por isso, a tal “fortuna” dos 950 euros resume-se numa bagatela
quando distribuída por dez ou mais pessoas. Mesmo assim, o Governo orgulha-se
de ir poupar, no próximo ano, 100 milhões cortando nestas verbas. Há-de assim
ter um Natal mais feliz, em 2015.
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