A
qualificação mínima que este Governo merece é a de um conjunto de impostores. Na
realidade o que agora se está a observar é a tentativa de mistificação de todas
as malfeitorias levadas a cabo desde 2011, com consequências desastrosas para a
esmagadora maioria dos portugueses.
Não
tendo nada de bom que possam apresentar como resultado da sua acção, tanto
Passos como Portas lançam mão de qualquer artifício e mesmo das mais despudoradas
mentiras para nos tentarem enganar nesta fase do mandato em que já vivemos em
campanha eleitoral ainda que faltem cerca de dez meses para as eleições. Este texto,
que extraímos do artigo de opinião que quinzenalmente assina no Público o Prof.
universitário Santana Castilho, desmistifica de forma clara, afirmações
recentes que, tanto Passos Coelho como o seu braço direito Marco António Costa
proferiram, do modo mais descarado, negando uma realidade que está à vista de
todos.
Charlatão,
dizem os dicionários, é aquele que publicamente apregoa, com exagero e sem
justificação, a virtude de algo com que pretende ludibriar a boa-fé de quem o
escuta. Um charlatão é um impostor, alguém que, com hipocrisia, se serve de
artifícios para enganar os outros.
Não
podendo penetrar nas mentes captas de Passos Coelho e Marco António Costa, não
ouso chamar-lhes charlatães. Sendo possível considerar essa hipótese,
igualmente devem ser consideradas, entre outras moralmente menos gravosas, a
perda precoce da memória de acontecimentos recentes, a inconsciência, a
irresponsabilidade ou a ignorância. Seja como for, factos são factos. E se os
motivos podem suscitar especulação, já os resultados são claros: a opinião
pública foi desinformada por dois actores que não a deviam confundir, antes
esclarecê-la.
Passos
Coelho, como primeiro-ministro, primeiro, e líder do PSD, depois, proferiu na
semana passada duas declarações falsas. Em Braga, num seminário sobre economia
e na linguagem simplória a que recorre com frequência, afirmou que, “ao
contrário daquilo que é o jargão popular de que quem se lixa é o mexilhão”,
quem contribuiu mais, em altura de crise social, “foi quem tinha mais” e não
“os mesmos de sempre”. Ora todos sabemos que durante a crise cresceu o número
de milionários no nosso país e muitos deles conseguiram aumentar
substancialmente o património. A crise não foi, portanto, suportada por todos
do mesmo modo. A afirmação transcrita ofende a sensibilidade do cidadão comum
(o “mexilhão”) por provir do responsável por um Governo que: aumentou para 23%
a taxa de IVA de alguns bens essenciais, o que penalizou mais os mais pobres;
aumentou os impostos sobre o trabalho; priorizou a descida do IRC, que apenas
beneficia os grandes grupos empresariais, em detrimento do IRS; retirou 8% ao
valor real das pensões acima dos 250 euros; congelou ou diminuiu o salário dos
funcionários públicos; forçou a emigração de 350.000 portugueses; atirou 90.000
trabalhadores para o desemprego de longa duração e aumentou para os 50% a taxa
do desemprego jovem; aumentou o IMI da habitação própria; diminuiu
drasticamente o número de beneficiários do RSI e do complemento solidário para
idosos; sufocou a escola pública, para todos, retirando-lhe 3000 milhões de
euros, e beneficiou a escola privada, para alguns; fez cair de 19% a frequência
do ensino superior (menos 25.000 estudantes) e extinguiu a formação de adultos.
Mais tarde, na condição de líder do PSD, num jantar em Santarém, teve o topete
de se gabar de estar a soltar a economia do domínio de grupos económicos,
entregando-a aos portugueses. Ele, que tem promovido a venda de Portugal a
estrangeiros: o BPN a angolanos; a EDP a chineses; a Cimpor a brasileiros; a
Tranquilidade a americanos; a Espírito Santo Saúde a mexicanos; a REN a
chineses e a árabes, a ANA a franceses; os CTT a vários e o que mais se
seguirá, TAP e a própria água que bebemos, se para tal lhe dermos tempo.
Marco António Costa,
vice-presidente do PSD, competiu com Passos no destempero. Quem o ouviu
recomendar a António Costa a leitura do memorando inicial acordado com a troika, citando página e parágrafo,
para afirmar que o documento explicitava a venda integral da TAP, dificilmente
duvidaria dele. Mas do original em inglês (pág. 13, ponto 3.30) ou da tradução
portuguesa (pág. 7, ponto 17) não se retira isso. O documento fixa a venda
total da REN e da EDP. Quanto à TAP, apenas fala da venda, sem explicitar se é
total ou parcial. Marco António Costa disse que António Costa “foi mal
informado ou então está a mentir”. Afinal, é ele que não sabe ler, ou mentiu.
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