É
bom recordarmos que nos últimos três anos e por obra do Governo Passos/Portas,
a educação sofreu um corte de 3 mil milhões de euros. Obviamente que uma redução
da despesa desta ordem tem inevitáveis reflexos nos resultados educativos e no
futuro do país. Por outro lado, é sintomático o que hoje se pode ler no Público
através de um artigo de opinião do Comissário europeu responsável pela
Educação, Cultura, Juventude e Desporto, cujo título não deixa margem para
dúvidas: Investir na educação compensa. É preciso acrescentar que o Comissário Tibor
Navracsics é um conservador húngaro que, se estivesse em Portugal seria, no
mínimo, ignorado. Quase
fica a ideia de que o artigo se dirige especificamente ao Governo português.
O que o
ministro Crato está a fazer no sector educativo é exactamente o contrário do
que este conservador húngaro defende, ou seja, a destruição de tudo o que de
bom se fez nos últimos 40 anos em matéria de educação e com os resultados
altamente positivos que se conhecem.
Leia-se, então,
e reflicta-se sobre algumas das afirmações mais significativas de Tibor
Navracsics.
A
educação contribui para estimular o crescimento e a criação de emprego através
de vários canais. Melhorar as aptidões e competências das pessoas aumenta as suas
possibilidades de emprego, permite-lhes desenvolver métodos de produção mais
eficazes e adaptar-se ao progresso tecnológico. Além disso, a educação
proporciona às pessoas os conhecimentos e as atitudes necessários para
impulsionarem a investigação e o desenvolvimento, traduzindo novas ideias em
inovação. O efeito combinado destes factores — níveis mais elevados de emprego,
maior produtividade e adaptabilidade — permitirá à Europa competir no contexto
de uma economia global baseada no conhecimento.
(…)
Nos
últimos anos, muitos Estados-membros (14, em 2012) reduziram a percentagem do
seu Produto Interno Bruto (PIB) afectado ao sector da educação, ao passo que a
China, a Índia, a Austrália e o Brasil estão a investir de forma estratégica
neste domínio. A África do Sul despende 6,6 % do seu PIB com a educação;
na UE, apenas três Estados-membros têm um melhor desempenho nesta matéria. O
Brasil reforçou as suas despesas com a educação, passando de 3,9 % do PIB,
em 1999, para 5,8 %, em 2012, e, actualmente, esta percentagem situa-se
acima da média de 5,3 % da UE.
(…)
Precisamos
de fazer melhor. É necessário investir na educação e na formação, a fim de
garantir que a Europa forma melhores professores, proporciona aos cidadãos as
competências necessárias ao mercado de trabalho actual e mantém a educação o
mais aberta possível ao maior número de pessoas.
(…)
A educação representa,
evidentemente, muito mais do que a sua mais-valia do ponto de vista económico.
Todavia, numa época caracterizada por orçamentos públicos estritos,
investimentos reduzidos, níveis de desemprego inaceitavelmente elevados e uma
necessidade urgente de relançar o crescimento e a criação de emprego, é tempo
de recordar: a educação é um dos melhores investimentos que a UE pode fazer.
Oferece efectivamente uma boa relação qualidade-preço. Investir na educação
compensa.
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