Na
revista E do Expresso de hoje, Nicolau Santos formula uma pergunta que tem toda
a razão de ser: Dias Loureiro é um
empresário bem-sucedido?
O
elogio do Primeiro-Ministro a Dias Loureiro, num discurso que fez aquando da
inauguração de uma queijaria, numa primeira apreciação poderia ser considerado
uma lamentável gaffe mas, para que não restassem dúvidas, Passos Coelho voltou a
repeti-lo, no que mais se parece com uma provocação ao povo português. Se é certo
que o antigo ministro de Cavaco e ex-conselheiro de Estado tem direito à
presunção de inocência, não é menos verdade que não é digno do mínimo respeito
público. É bom que Passos não brinque com a boa vontade dos portugueses, pelo
menos a julgar pelas sondagens, para nos atirar areia aos olhos.
Eis
o texto de Nicolau Santos, eivado de um tom meio irónico meio sério, como
podemos constatar:
De
Dias Loureiro disse o primeiro-ministro: “Conheceu mundo, é um empresário
bem-sucedido, viu muitas coisas por esse mundo fora e sabe que se nós queremos
vencer na vida, se queremos ter uma economia desenvolvida, pujante, temos de
ser exigentes, metódicos”.
Bom, até agora sabíamos que o dr. Dias
Loureiro tinha sido fundamental na ascensão e no reinado cavaquista. Que foi
secretário-geral do PSD, ministro e conselheiro de Estado. Da sua vida
empresarial conhecia-se a passagem como administrador do BPN, que implodiu e
deixou 4 mil milhões para os contribuintes pagarem. Que conduziu negócios em
Porto Rico que correram muito mal. E que agora tem interesses em empresas de panificação,
de tecnologia e no mercado angolano. Sabemos também que entrou remediado na
política e está hoje muito bem de cabedais. Para seguir o seu exemplo,
comecemos então por nos tornarmos acionistas de um banco que distribua crédito sem
garantias nem registos e que tenha uma contabilidade paralela. A partir daqui
todos podemos ser Dias Loureiros! Porque, como se sabe, o difícil é o primeiro
milhão. Os outros vêm logo a seguir.
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