quinta-feira, 28 de maio de 2015

“SOLIDARIEDADE COM A GRÉCIA”


Com o título “Solidariedade com a Grécia”, este artigo de opinião que o Prof. Boaventura Sousa Santos assina na Visão de hoje é, antes de mais, uma chamada de atenção para a continuação por parte do PS das mesmas políticas levadas a cabo pela coligação de direita no poder em Portugal. Ele afirma com toda a propriedade que “os sociais-democratas de ontem são os liberais de hoje” e que “os revolucionários de ontem são os sociais-democratas de hoje” querendo com isto dizer que os partidos europeus de matriz social-democrata estão completamente dominados pela ideologia neoliberal enquanto ser radical hoje é defender a social-democracia e as conquistas sociais feitas na Europa a seguir à Segunda Guerra Mundial.
São, pois, muitas vozes a chamar a atenção para mais do mesmo que o PS nos oferecerá se ganhar as Legislativas deste ano. Não é por acaso que os “grandes decisores” da Europa aplaudem com muita força a possível chegada ao poder dos “socialistas” portugueses.
Escrevo de Atenas, onde me encontro a convite do Instituto Nicos Poulantzas para discutir os problemas e desafios que enfrentam os países do sul da Europa e as possíveis aprendizagens que se podem recolher de experiências inovadoras tanto na Europa como noutras regiões do mundo. Convergimos em que o que se vai passar nos próximos dias ou semanas nas negociações da Grécia com as instituições europeias e o FMI serão decisivas, não só para o povo grego, como para os povos do sul da Europa e para a Europa no seu conjunto.
O que está em causa? Defender a dignidade e o mínimo bem-estar de um povo vítima de uma enorme injustiça histórica e de políticas de austeridade (para além do mais, mal calibradas) que espalharam morte e devastação social (bem visíveis nas ruas e nas casas) sem sequer atingir nenhum dos objetivos com que se procuraram legitimar. Não admira que o primeiro ponto do programa de Salónica do Syriza seja o alívio imediato da grave crise humanitária. Com um envolvimento militante que há muito desapareceu dos cinzentos políticos europeus, a vice-ministra para a solidariedade social, Theano Fotiou, fala-me do modo como está a ser organizado o resgate dos que caíram em pobreza extrema (programas de alimentação, eletricidade e tratamento médico gratuitos), não deixando de salientar a cooperação, de algum modo surpreendente, que tem tido dos bancos gregos para gerir o sistema de pagamentos. Para além das políticas de emergência, o programa do Syriza, tal como o de Podemos na Espanha, é um programa social-democrático moderado.
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