Com
o título “Solidariedade com a Grécia”, este artigo de opinião que o Prof. Boaventura
Sousa Santos assina
na Visão de hoje é, antes de mais,
uma chamada de atenção para a continuação por parte do PS das mesmas políticas
levadas a cabo pela coligação de direita no poder em Portugal. Ele afirma com
toda a propriedade que “os sociais-democratas de ontem são os
liberais de hoje” e que “os revolucionários de ontem são os sociais-democratas
de hoje” querendo com isto dizer que os partidos europeus de matriz
social-democrata estão completamente dominados pela ideologia neoliberal
enquanto ser radical hoje é defender a social-democracia e as conquistas
sociais feitas na Europa a seguir à Segunda Guerra Mundial.
São,
pois, muitas vozes a chamar a atenção para mais do mesmo que o PS nos oferecerá
se ganhar as Legislativas deste ano. Não é por acaso que os “grandes decisores”
da Europa aplaudem com muita força a possível chegada ao poder dos “socialistas”
portugueses.
Escrevo
de Atenas, onde me encontro a convite do Instituto Nicos Poulantzas para
discutir os problemas e desafios que enfrentam os países do sul da Europa e as
possíveis aprendizagens que se podem recolher de experiências inovadoras tanto
na Europa como noutras regiões do mundo. Convergimos em que o que se vai passar
nos próximos dias ou semanas nas negociações da Grécia com as instituições
europeias e o FMI serão decisivas, não só para o povo grego, como para os povos
do sul da Europa e para a Europa no seu conjunto.
O
que está em causa? Defender a dignidade e o mínimo bem-estar de um povo vítima
de uma enorme injustiça histórica e de políticas de austeridade (para além do
mais, mal calibradas) que espalharam morte e devastação social (bem visíveis
nas ruas e nas casas) sem sequer atingir nenhum dos objetivos com que se
procuraram legitimar. Não admira que o primeiro ponto do programa de Salónica
do Syriza seja o alívio imediato da grave crise humanitária. Com um
envolvimento militante que há muito desapareceu dos cinzentos políticos
europeus, a vice-ministra para a solidariedade social, Theano Fotiou, fala-me
do modo como está a ser organizado o resgate dos que caíram em pobreza extrema
(programas de alimentação, eletricidade e tratamento médico gratuitos), não
deixando de salientar a cooperação, de algum modo surpreendente, que tem tido
dos bancos gregos para gerir o sistema de pagamentos. Para além das políticas
de emergência, o programa do Syriza, tal como o de Podemos na Espanha, é um
programa social-democrático moderado.
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