quarta-feira, 20 de maio de 2015

REFORMADOS E PENSIONISTAS, ATENTOS!


Os mais velhos e menos distraídos sabem que a retórica do PS quando está na oposição não tem qualquer tradução prática quando assume o poder. Quando se encontram na oposição os “socialistas” comungam de muitas críticas que toda a esquerda faz aos governos de direita. No entanto, a partir do momento em que a chegada ao poder surge ao fundo do túnel, a conversa e a prática mudam de tom. Infelizmente esta é uma imagem do PS que nunca mudou na realidade portuguesa desde a institucionalização da democracia em 1974, qualquer que seja a liderança do partido. Todo o ambiente que está a ser criado à volta da preparação das eleições legislativas do próximo Outono nos indica que, ainda desta vez nada se irá alterar.
O seguinte artigo de opinião, que retirámos do Diário de Coimbra de hoje, é assinado por um militante “socialista” (*) e, como se percebe poderia ser subscrito por qualquer aderente do Bloco. Sem querermos duvidar da honestidade política do autor do artigo, a verdade é que receamos bem que, daqui a algum tempo, ele faça vista grossa a possíveis malfeitorias que o PS leve a cabo contra os pensionistas e reformados.
Nós reformados e pensionistas, temos de estar particularmente atentos. Bem queremos estar sossegados, mas as notícias chegam-nos de todas as formas e lá vem mais um susto, uma preocupação. Está tudo a correr bem, há luz no fundo do túnel (ou melhor, já está todo iluminado), mas o melhor é cortar de novo nos salários da função pública e nas pensões (relatório do FMI dixit). E como bom aluno, sempre cumpridor das instruções dos mestres (leia-se troika), já vemos o Governo todo atarefado a preparar novas medidas (para o ano, que neste há eleições!). Sim, ouvimos bem, a Ministra das Finanças prevê para o ano, novo corte nas nossas magras pensões que, para muitas famílias, são também o apoio a filhos e netos desempregados. Não tenhamos ilusões, as exigências dos nossos credores são música para esta maioria, pois justificam medidas que a ideologia defende. Destruir a segurança social pública, minando a confiança e atacando os direitos conquistados ao longo de muitos anos de trabalho, põe em causa serviços públicos de qualidade, desmotivando os trabalhadores, constituem parte duma agenda que pretende instituir um Estado mínimo, que vem entregando, e quer entregar, ao setor privado todas as alavancas que permitam garantir o primado da política sobre os interesses.
Somos mais de 3,5 milhões de beneficiários da segurança social (cerca de 2,5 milhões de velhice e 850 mil de sobrevivência), quase 3 milhões em regime geral e mais de 600 mil na Caixa Geral de Aposentações. Temos pensões da CGA com um valor médio de 1280€, bem superiores às do regime geral (porque genericamente referentes a pessoas mais qualificadas e com mais longas carreiras contributivas), mas que certamente não constituem uma manifestação de riqueza que possa justificar um novo ataque.
Não nos podemos resignar. Não podemos ser convencidos de que não há alternativas. Só é vencido quem deixa de lutar. Não são os mercados e o dinheiro que constroem o futuro. Sempre foram as pessoas com o seu trabalho, com a sua criatividade, com a sua solidariedade, que abriram novos horizontes. Hoje, como sempre, o medo não nos vencerá. Não é o regresso ao passado (até porque a água não corre duas vezes sob a ponte) que desejamos. Queremos que nos assegurem as pensões que oportunamente nos atribuíram, queremos que os apoios sociais às famílias, aos idosos e aos jovens, garantam a dignidade da vida humana, queremos ter confiança e esperança. Não é o rendimento do trabalho, seja o do presente, seja o do futuro, associado às pensões, que deve diminuir. É com o combate às desigualdades, é com a criação de emprego de qualidade, é com uma melhor distribuição da carga fiscal, é com o fim dos rendimentos injustificados, é com a melhoria da eficiência e eficácia da Administração Pública (pela qualificação de recursos e pela inovação), é com a recuperação do Serviço Nacional de Saúde, é com uma educação pública pela inclusão, que podemos iniciar o caminho para o desenvolvimento sustentável (aliando crescimento económico, cultural e social) e ganhar o Futuro.
Nós, reformados e pensionistas, temos uma palavra a dizer. Somos muitos, vivemos muitos verões, conhecemos vicissitudes, vencemos desafios, não nos vão calar.
(*) Moura e Sá

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