terça-feira, 10 de março de 2015

TAP: NADA JUSTIFICA A PRIVATIZAÇÃO DESTA EMPRESA ESTRATÉGICA



Todos sabemos que a nuvem de privatizações levadas a cabo por este Governo tem natureza ideológica, constituindo também uma espécie de vingança sobre o 25 de Abril. A REN, a EDP, a ANA, os CTT, que a maioria de direita decidiu privatizar na totalidade, eram empresas rentáveis que nem no memorando da troika era exigida a privatização.
O realizador de cinema António Pedro Vasconcelos (APV) tem sido um dos que mais se tem batido contra a privatização da TAP por saber que as desculpas vinda a público justificativas desta acção não são verdadeiras. No artigo que hoje assina no Público, analisa a recente entrevista que Fernando Pinto, director executivo da TAP desde 2000, deu ao Expresso onde se constata que a transportadora portuguesa não peca por falta de rentabilidade nem deixa de ter potencial de crescimento.
O texto é muito longo pelo que deixaremos aqui apenas os excertos que consideramos mais importantes devidamente identificados:
Fernando Pinto vem revelar preto-no-branco a verdadeira situação da TAP, explicar as razões de algumas dificuldades no passado, mas também a sustentabilidade da empresa e o seu enorme potencial de crescimento. Para bom entendedor, já que o dever de lealdade institucional o impede de dizer abertamente o que pensa, a entrevista de Fernando Pinto é esclarecedora; sobretudo quando parte de alguém que veio para a TAP em 2001 para preparar a sua privatização, mas que tinha a vantagem de conhecer bem o negócio da aviação e de ter um sentido empresarial da sua gestão (desde 1997 que o Estado não injecta dinheiro dos contribuintes na companhia), de se revelar um hábil negociador com os sindicatos e de se mostrar firme com as interferências que julgou negativas da tutela.
Eis o que Fernando Pinto afirma que ajuda a revelar as verdadeiras intenções de Passos Coelho relativamente à privatização da TAP:
Comecemos pela frase mais importante: “Há empresas que têm de ser privatizadas ou fecham. Não é o nosso caso, que é sustentável. Tivemos resultados positivos nos últimos cinco anos — ou nos últimos oito, se esquecermos 2008.” Esta frase bastaria para encerrar o processo, se estivéssemos perante um Governo honesto e genuinamente preocupado em salvaguardar o interesse nacional. 
Mas Fernando Pinto diz mais. Para alguém que tem responsabilidades institucionais perante a tutela, e sabendo-se que o Governo anunciou a intenção de privatizar a empresa, Fernando Pinto não podia ser mais claro, quando acrescenta, enfatizando o argumento (“insisto sempre”, diz ele), que “é fundamental (a TAP) ser bem privatizada” (itálico meu). Para bom entendedor, o que FP está a dizer é que o Governo se prepara para privatizar mal a nossa companhia aérea!
Em resumo, o que ele diz é que:
1. A TAP dá lucro;
2. A TAP é sustentável e, por isso, a alternativa não é privatizar ou fechar;
3. Existem formas de capitalizar a empresa sem ser a privatização;
4. Esta privatização está errada e mal feita.
APV acrescenta a seguir que já há grupos de trabalho formados em toda a empresa para implantar um plano muito concreto de marketing ("Uma nova onda de crescimento"), que contempla o período de 2015 a 2020 (…), e que o plano só espera a decisão do Governo (sim ou não à privatização) para ser acelerado.
É convicção do realizador que a TAP está bem e recomenda-se. Por outras palavras, que o Governo quer privatizar a TAP, não por ela estar a necessitar urgentemente de uma injecção de capital ou por estar insolvente ou por não ter capacidade de se financiar nos bancos, mas, pelo contrário, por ser uma empresa com sustentabilidade e um grande potencial de crescimento.
 Resumindo e concluindo, não há razões objectivas que possam justificar a alienação de uma empresa estratégica como é a TAP.


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