Para que não haja qualquer espécie de
equívocos, é importante deixar aqui bem claro que o texto seguinte é da única e
exclusiva responsabilidade de quem o assina.
Por
uma vez estamos de acordo com algumas ideias de João Miguel Tavares (JMT), um
jornalista assumidamente de direita que escreve no Público.
Comecemos
pelo título de hoje, algo significativo, “Tanta esquerda, tão pouca direita”.
O
corpo do texto inicia-se (talvez) com um regozijo “a esquerda automutila-se” e,
depois, um provável lamento, “à direita os verdadeiros liberais não têm um
único partido que responda às suas preocupações”. Isto é verdade mas também é
verdade que os ideólogos da direita pouco se importam com o facto porque sabem
que a unidade está garantida já que cada um tem a noção do que é essencial
preservar. Infelizmente uma importante parte da esquerda não funciona assim.
Para
JMT “a extrema-esquerda portuguesa [designação com sentido pejorativo muito
usada de forma provocatória pela direita] parece um óvulo fecundado pela crise,
em pleno processo de divisão celular: só da barriga do Bloco de Esquerda já
nasceram o Livre, a Associação Fórum Manifesto, que deu origem ao movimento
Tempo de Avançar (ex-Manifesto 3D), mais o novo Juntos Podemos, que entretanto
se cindiu no novíssimo Agir, que por sua vez se fundiu no novérrimo PTP/Ag!r,
com ponto de exclamação e tudo.” JMT esqueceu-se de referir o MAS de Gil Garcia
como antecessor do Juntos Podemos.
Também
não há dúvida nenhuma de que “é bem possível que haja mais diferenças entre
um coelho e uma lebre do que entre todos os partidos e movimentos citados na
frase anterior, mas a esquerda é mesmo assim”.
Infelizmente alguma parte da esquerda que não
faz cedências à doutrina neoliberal nem a quaisquer terceiras vias ainda não
aprendeu nada com a história insistindo num sectarismo que apenas beneficia as
doutrinas mais radicais da direita.
Perante a actual realidade portuguesa, os mais
velhos estão a ver o mesmo filme do que se passou nos anos 70 do século XX, com
uma miríade de pequenas organizações de extrema-esquerda que, à força de se
degladiarem entre si, acabaram por desaparecer deixando ainda mais terreno
livre à direita.
O comum dos cidadãos atentos ao crescente
domínio do capitalismo neoliberal não entende como é possível que pessoas bem
ancoradas na esquerda mas cada qual entrincheirada no seu pequeno feudo
ideológico, não sejam capazes de perceber que só em união é possível vencer um
inimigo tão poderoso como é aquele que agora governa o mundo.
Sem
querermos enveredar por qualquer pessimismo desmobilizador, a verdade é que se
começa a desenhar o que vai acontecer em Portugal nas eleições legislativas de
2015.
Luís Moleiro Santos
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