domingo, 8 de março de 2015

PESSOAS DE BEM…


Para o cidadão comum que vai acompanhando as sessões da comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES fica a ideia evidente de que os interrogados não podem desconhecer de forma tão clara matérias com que lidavam todos os dias. É óbvio que estão a mentir da forma mais descarada parecendo mesmo que brincam com os deputados inquiridores, tão absurdas são as respostas que dão, tendo em atenção os cargos que ocupavam. Todavia, alguma coisa vai ficando, a ponto de não se entender por que razão ainda ninguém se encontra atrás das grades. Ironicamente, Nicolau Santos justifica este facto no Expresso Economia de ontem pela simples razão de os banqueiros portugueses serem “pessoas de bem”. Nada que a generalidade dos portugueses ainda não tivesse percebido…
À medida que decorrem as sessões da comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES fica cada vez mais claro 1) que não se fazia nenhuma operação relevante no banco sem luz verde de Ricardo Salgado; 2) que o seu braço-direito era Amílcar Morais Pires (e por isso foi indicado para lhe suceder); 3) que os dois ignoraram ostensivamente as ordens do Banco de Portugal a partir de dezembro de 2013; 4) que Morais Pires, que era também membro da administração da PT, tinha de saber da gravíssima situação em que se encontrava o GES, quando foi renovada a aplicação de €897 milhões da PT na Rioforte – e ocultou-a; 5) que quase €740 milhões destinados a reembolsar papel comercial comprado por clientes do retalho do BES foram usados para pagar as aplicações de clientes de elevados rendimentos; 6) que apesar do financiamento do BES ao GES ter ultrapassado 16,5% dos fundos próprios, os outros administradores permaneceram mudos e quedos. Depois disto, o que espanta é ninguém estar preso preventivamente. Deve ser porque os banqueiros são pessoas de bem. Decididamente, a Justiça tem razões que a razão desconhece.
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