Para
o cidadão comum que vai acompanhando as sessões da comissão parlamentar de
inquérito ao caso BES/GES fica a ideia evidente de que os interrogados não
podem desconhecer de forma tão clara matérias com que lidavam todos os dias. É óbvio
que estão a mentir da forma mais descarada parecendo mesmo que brincam com os
deputados inquiridores, tão absurdas são as respostas que dão, tendo em atenção
os cargos que ocupavam. Todavia, alguma coisa vai ficando, a ponto de não se
entender por que razão ainda ninguém se encontra atrás das grades. Ironicamente,
Nicolau Santos justifica este facto no Expresso Economia de ontem pela simples razão
de os banqueiros portugueses serem “pessoas de bem”. Nada que a generalidade
dos portugueses ainda não tivesse percebido…
À
medida que decorrem as sessões da comissão parlamentar de inquérito ao caso
BES/GES fica cada vez mais claro 1) que não se fazia nenhuma operação relevante
no banco sem luz verde de Ricardo Salgado; 2) que o seu braço-direito era Amílcar
Morais Pires (e por isso foi indicado para lhe suceder); 3) que os dois
ignoraram ostensivamente as ordens do Banco de Portugal a partir de dezembro de
2013; 4) que Morais Pires, que era também membro da administração da PT, tinha
de saber da gravíssima situação em que se encontrava o GES, quando foi renovada
a aplicação de €897 milhões da PT na Rioforte – e ocultou-a; 5) que quase €740 milhões
destinados a reembolsar papel comercial comprado por clientes do retalho do BES
foram usados para pagar as aplicações de clientes de elevados rendimentos; 6)
que apesar do financiamento do BES ao GES ter ultrapassado 16,5% dos fundos
próprios, os outros administradores permaneceram mudos e quedos. Depois disto,
o que espanta é ninguém estar preso preventivamente. Deve ser porque os
banqueiros são pessoas de bem. Decididamente, a Justiça tem razões que a razão desconhece.
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