A
situação das assimetrias regionais constitui um tema pertinente de análise na
medida em que as mesmas tiveram um agravamento significativo nos últimos anos, fruto
da austeridade recessiva a que o país foi sujeito. Trata-se de um problema que não
nasceu agora mas que tem vido a sofrer importantes desenvolvimentos negativos,
sem que os sucessivos governos empreendam medidas que consigam, ao menos, travar
esse processo. Antes pelo contrário, a maioria de direita, actualmente no poder,
parece ter apostado em políticas que só contribuíram para agravar as
assimetrias e desigualdades regionais. O encerramento de escolas, tribunais,
unidades de saúde e repartições de Finanças são exemplos de medidas de carácter
meramente financeiro que vieram acentuar o isolamento de muitas regiões do
interior com a consequente perda de influência, empobrecimento e desertificação.
A
problemática das assimetrias regionais parece um tanto esquecida embora
constitua “um dos problemas estruturais mais graves do país” como afirma o
economista Eugénio Rosa neste curto texto que transcrevemos do Diário as beiras de hoje.
Um
dos problemas estruturais mais graves do país são as graves assimetrias e
desigualdades regionais que, por um lado, determinam que portugueses vivendo no
mesmo país (o seu) tenham condições de vida muito diferentes e, por outro lado,
levam a desertificação de muitas regiões já que provocam a deslocação das suas populações
para as regiões litorais (onde se tem concentrado a maior parte do pouco
desenvolvimento) causando a estas também graves problemas (infraestruturas, habitação,
transportes, etc.).
Entre
1995 e 2011/2012, a região Norte e a região Centro viram a sua posição agravar-se
em termos nacionais, já que o PIB destas regiões somado, diminuiu em
percentagem do PIB nacional, de 49,2% para 47,2%, enquanto o da região de Lisboa
aumentou de 35,8% para 37,1% do PIB do país.
Estes
dados do INE revelam a persistência e mesmo o agravamento das assimetrias e
desigualdades entre as diferentes regiões do país as quais estão a aumentar, não
só como consequência de uma política de austeridade recessiva e injusta que
está a atingir principalmente as classes médias e baixas da população e,
nomeadamente, as populações das regiões menos favorecidas, mas também esta a
causar a multiplicação de falências de empresas que lançam no desemprego
milhares de trabalhadores.
Esta
situação, que é já muito grave, poderá ser ainda agravada pelos programas
comunitários para o período 2014-2020, que devido às prioridades definidas pelo
actual governo, serão orientadas fundamentalmente para as grandes empresas e
para as empresas que exportam, para o aumento da competitividade e internacionalização,
e não para o combate às assimetrias regionais, ao crescimento económico
equilibrado sustentado, e à criação de emprego.
Uma análise mais fina, revela
desigualdades ainda maiores entre concelhos determinando condições de vida para
as populações muito diferentes mesmo de concelho para concelho.
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