Os
portugueses que votarem António Costa (AC) nas eleições legislativas do próximo
Outono irão sofrer uma grande decepção a curto prazo caso o PS seja o partido
mais votado. Todos os sinais apontam no sentido de podermos assistir a uma alternância
no poder sem que as políticas mais controversas mudem como é da vontade dos
portugueses.
As
pessoas estão muito revoltadas com tanta mentira que lhes tem sido impingida e
querem uma política de verdade que altere o actual estado de coisas. Com o PS
de AC não vamos lá, como muita gente, até da área “socialista” começa a
constatar.
O
texto seguinte (*) que capturámos no Público de ontem, é muito significativo.
Como
é que chegámos aqui? Como é que, de repente, a esquerda perdeu a intenção de
voto dos portugueses? Como é que o dr. António Costa (A.C.) perdeu, em pouco
tempo, todo o manancial de simpatia e de confiança manifestado por centenas de
milhares de cidadãs e cidadãos? E, de repente, perdeu o sorriso e o ar de
bonomia de político confiante?
Será
que tantos e tantas de nós nos enganámos? Ou será que o político A.C. se
enganou, ele próprio?
Reflectindo
um pouco e voltando atrás no tempo, se calhar encontramos um ex-ministro da
Administração Interna que deveria ter reconhecido o seu engano aquando da
compra, por 450 milhões de euros, de um programa informático SIRESP, que nunca
funcionou. Nesse tempo, deveria ter reconhecido o erro desse e de outros investimentos
do Governo que integrava. Talvez na altura devesse ter reconhecido que a
liderança do PS (e o Governo) se perdia em excessos e deveria ter sido
substituída, para não hipotecar o país e as futuras gerações. Se calhar,
deveria ter também reconhecido que a sua corrida à liderança da Câmara
Municipal de Lisboa (CML) para travar o anunciado e idêntico caminho de uma sua
ex-camarada de partido era ética e politicamente reprovável.
O
dr. A.C. ganhou as eleições para a CML com um programa "em contraciclo da
austeridade", que não cumpriu. As taxas municipais aumentaram numa
austeridade imposta aos munícipes, mas não às empresas, como o perdão fiscal
aos clubes de futebol. E, recentemente, o executivo camarário predispunha-se a
dar luz verde ao projecto de encerramento de seis hospitais civis da colina de
Santana, do qual os munícipes só tiveram conhecimento através da discussão
pública da assembleia municipal presidida por Helena Roseta.
Esta
reflexão permite-me dizer que muitas das mulheres livres deste país que
participaram nas primárias do PS, de uma forma generosa e genuína, podem e
devem hoje exigir outras verdades. No actual contexto de retrocesso cultural e
político, a esquerda terá de reflectir nisto, para ganhar a confiança do
eleitorado e não perder tudo.
Faço
parte de uma geração que tinha 20 anos em 1968. Ao longo dos anos fui
testemunha do assassínio físico, político e académico das mulheres do meu país.
Sei,
como todos os partidos sabem, que as mulheres são a maioria dos eleitores. E
que é sempre em campanha eleitoral que os senhores dos partidos usam e abusam
da condição política das mulheres como negócio eleitoralista.
Chegará
o dia em que as mulheres livres deste país recusarão dar o poder político aos
senhores seus camaradas de luta. Recusarão colocar o tapete vermelho para essa
ascensão. Só não sei se serei testemunha disso.
Podemos
ser todas ingénuas e "acreditar no incrível, nas coisas assombrosas e na
invasão do mundo pelas rosas", mas não somos santas!
(*) Teresa
Sá e Melo
Sem comentários:
Enviar um comentário