Numa
daquelas suas tiradas que quase parecem um atentado à inteligência e maioridade
do povo português Cavaco opinou há pouco tempo sobre o perfil do seu sucessor. Mais
uma excelente oportunidade que o Presidente da República perdeu de estar
calado. Posteriormente, sem êxito, quis desmentir a sua afirmação mas não há
forma de reverter a calinada.
Esta
semana a Visão pediu a seis personalidades de quadrantes políticos diferentes que
elaborassem uma “lista de características que deve ter o próximo inquilino de
Belém. Conclusão: o nome é só um detalhe”.
Francisco
Louçã, 58 anos, ex-líder do Bloco de Esquerda definiu assim a sua opinião:
Não se pode esperar que um
candidato apareça por obra do supremo alfaiate. Terá de aparecer por uma
escolha política, pelas ideias que representa. E não vai depender do perfil,
mas da vontade de cada um. Por mim, podem aparecer todos os que combatem as
meias palavras. Hoje, à esquerda, os candidatos que pensam que têm hipótese de
ganhar são aqueles que pensam que devem ter uma doutrina vazia. Ora, as candidaturas
mais interessantes serão, justamente, as que tiverem um debate político forte.
Serão aquelas que aparecerem com tempo, com consistência, com argumentos fortes
e capacidade de juntar. As candidaturas exclusivamente partidárias serão pouco
interessantes e representarão menos do que é preciso para mudar o debate
político. Era preciso que o PR fosse alguém que ajudasse a pensar os problemas
de Portugal e da Europa, porque mete medo que as coisas continuem como estão –
que a Europa continue a ser o que é, que a Alemanha continue a impor
austeridade, que as instituições continuem a despedir pessoas, que haja 40% de
desemprego jovem em Portugal e 60% em Espanha. É preciso que seja um candidato
que imponha o debate que as pessoas anseiam.
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