Os
apaniguados do Governo (quer os que detêm o cartão do partido quer os que se
escondem atrás do biombo de uma imaginária independência ideológica)
afadigam-se nestes dias na comunicação social a encobrir a clamorosa omissão –
chamemos-lhe assim para sermos generosos – de Passos Coelho que não pagou a Segurança
Social 5 anos e falhou os seus compromissos fiscais. Coisa de somenos
importância já que terá ocorrido antes de exercer as actuais funções…
“Sou
de uma raça de homens que paga o que deve” bradava em 2014 Passos aos seus
companheiros de partido, numa altura em que já tinha plena consciência que
estava em falta perante o fisco e a Segurança Social, sendo ele o rosto do massacre
fiscal a que os portugueses foram submetidos.
Há
quem ache, e bem, que, neste momento, a única actuação digna do
primeiro-ministro seria o pedido de demissão. Se o fizesse, rapidamente
esvaziaria o balão do escândalo em cujo epicentro se encontra.
Exemplos
não faltam de políticos em funções que tiveram de abandonar os seus cargos quando
foram apanhados em situações de incumprimento anteriores ao momento em que
desempenhavam funções governativas. Na Suécia, em 2006, uma ministra apresentou
a demissão quando se apercebeu que durante vários anos não tinha pago a taxa de
licença de televisão. Um segundo caso sucedeu ainda mais recentemente com o
ministro francês do Comércio que acabou demitido passados nove dias de mandato
porque não tinha entregado a declaração de impostos durante três anos seguidos,
antes de ser ministro… De nada lhe serviu a regularização da situação, sendo
obrigado a deixar o Governo, uma vez que não conseguiu travar o escândalo.
Estes
casos ocorreram em plena Europa onde estamos integrados e não em qualquer país
imaginário. Que exemplo podem dar os governantes ao cidadão comum no que diz
respeito ao cumprimento das suas obrigações perante o Estado, quando são
apanhados em falta e nada lhes acontece?
Aqui deveria entrar em cena o Presidente
da República se ainda se encontrasse no exercício das suas funções…
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